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Clássicos

Clássico é o natal do torcedor. Pode ter fartura ou miséria, eles se reúnem pra celebrar.  Na alegria, na doença, com chuva, com sol, família grande ou pequena, lá estão eles dizendo que não se importam com a data e celebrando até de madrugada.

Clássicos que “não valem nada” são os que terminam quando o juiz apita.

Clássico que vale vice-campeonato vale, na verdade, o mesmo que o anterior. São só desculpas em torno do direito a não sentir culpa.

Culpado fica o torcedor quando questionado sobre a maior relevância do amor ao seu ou o ódio ao rival.

No clássico os dois sentimentos mais nobres se misturam e não há o que se contestar.

É puro, legítimo, claro e honesto. Querer numa só dose a alegria dos seus e a dor alheia.

Tão puro quanto o direito ao “olé”, que por conseqüência justifica o pontapé.

Empurra-empurra, juiz ladrão, um mês de discussão. Aí sim, tivemos um clássico.

[pullquote_right]Clássico sem empurra-empurra deveria ser anulado por fraude.[/pullquote_right]No Engenhão venceram os pontos corridos e sua insuportável mania de planejar paixão.

No Pacaembu a esperança venceu o medo e nenhum deles conseguiu mudar o foco, que é o que está por vir.

Em Minas o Galo comemorou pelo placar o que em qualquer outra situação seria uma tragédia: o vice.

No nordeste o que era pra decidir só confirmou.

E no Sul, onde se misturava ódio, paixão, saudades e “obrigação”, terminou em confusão.

Nada mais honesto.

Clássico sem empurra-empurra deveria ser anulado por fraude.

O Olímpico jamais representou espetáculo, malabarismo e belos gols.

Não conteste seu final, pois nem ele mesmo escreveria algo melhor.

Mais honesto impossível: em guerra.

Mais legítima que a fraude do Pacaembu, que o vergonhoso jogo do Engenhão ou até mesmo que a busca por coisa nenhuma de Minas Gerais.

Clássicos precisam de dia seguinte, ou não são clássicos.

Os outros todos acabaram as 19h. O do Olímpico não terminará jamais.

Pois foi o único clássico da rodada.

abs,
RicaPerrone

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