Damião, o “novo Damião”
Se você quiser acabar com a carreira de um jogador promissor, lhe dê o rótulo de “novo alguma coisa”. É estatístico. 90% das vezes, deu merda.
Damião era o centroavante do Inter, fazia gol de todo jeito, foi pra seleção, propostas da Europa, badalação e então… “novo Careca”. Pronto, a praga estava rogada.
Vieram contusões, problemas fora de campo, contratos, e os gols sumiram. Damião chega aos 27 anos passando milhares de kilometros de ser “o novo Careca”.
Mas o futebol é uma benção rara e de memórias felizes. Você sempre será lembrado por tudo que já fez com a expectativa que um dia volte a fazer, esteja com a idade que for, onde estiver, na condição física que estiver. Vide Adriano, entre tantos outros que avaliamos sempre pelo que “poderia ter sido”, não mais pelo que é.
Neste caso, é bom.
Damião é o “novo porra nenhuma”. Enfim, “Damião, o novo Damião”.
Se aprovo? Acho que não reprovo. Se faria? Não, acho que não arriscaria. Se entendo? Um pouco, já que a janela de saída fecha depois da de entrada, o Santos pagando meio salário do cara, enfim, é uma oportunidade de ter um fiasco mais barato que o Guerrero ou de ter um jogador de seleção de volta a preço de Fernandinho.
É uma aposta. Gosto de apostas.
A folha salarial do Flamengo é irritantemente discutida por pessoas de fora do clube como se todos tivessem noção administrativa e acesso aos detalhes de cada centavo que entra e sai do clube todo santo dia. Aliás, o que o Flamengo mais tem são diretores de marketing, finanças, futebol, comunicação e esportes olímpicos não efetivados fazendo de graça em rede social.
Damião que chega ao Flamengo chega pra ser Damião. O “novo Careca” acabou, não existiu. Eu gosto de ver grandes nomes transitando no futebol brasileiro, estejam eles em má fase ou não. Tudo que “movimenta” o futebol é válido.
Damião é, enfim, uma realidade. Bem abaixo do que esperavamos, mas é apenas o Damião. Não mais um delirante sonho de “um novo alguma coisa”.
abs,
RicaPerrone