Deixa a gente em paz
Dá aqui minha taça! Me deixa correr na volta olímpica com ela. Não me faça ser campeão no sofá, nem mesmo atrele a zona que era isso aqui ao formato.
Deixa o menino entrar com a bandeira, policial! Ele não vai fazer nada que não seja torcer. E se fizer, aí sim, você o pune.
Sinalizador não faz mal a ninguém. Fez uma vez, em jogo onde ele era PERMITIDO e foi um acidente, queiram ou não aceitar, só porque partiu de um grupo marginal.
Papel picado não machuca.
O que machuca é ver a taça que “conquistamos” com nosso time ser dada no teatro de terno onde nem estaremos. O que nos machuca é a entrada dos dois times com uma música que tenta ofuscar meu grito.
É o protocolo a troco de nada que me impede de vaiar o adversário e pressiona-lo na entrada. É a justiça que julga inteligente punir meu time porque um ou outro animal identificável cometeu um erro na arquibancada.
Tira esse hino! Você tem que ser muito desrespeitoso com a pátria para fazer milhares de pessoas com enorme expectativa em algo receberem seu time e segundos depois terem que parar uma festa para ouvir um hino de mãos no peito. Não é o momento. Não tem ambiente. É um pedido pra que ele seja desrespeitado.
“Ah mas no mundo todo é assim”. Então me dá a escola da Suiça, a polícia do Canadá, depois enche o saco do meu futebol como ele é.
O mundo nos copia quando a bola rola. Nunca o contrário. A gente não quer que vocês façam nada por nós, apenas que não façam nada.
A bandeira, o sinalizador, a faixa, o papel picado, nada disso machuca pessoas. Pessoas machucam pessoas. Basta cumprir a lei e prende-las quando necessário.
Não é o formato com finais que faz do futebol brasileiro uma zona. São as pessoas como Eurico Miranda e suas urnas misteriosas que faziam isso. Se fosse pontos corridos, a zona seria exatamente como foi.
Ser europeu não é uma qualidade, mas sim uma característica. Ser brasileiro idem. Mas a gente não é mais.
Deixa a gente em paz. Só precisamos de um pernil na entrada, uma bandeira com um tambor durante o jogo e de uma taça no fim. O resto vocês que inventaram. Nós nunca pedimos.
abs,
RicaPerrone