Diário de viagem – O Penta
Fui!
Depois da trágica experiência de ser meio ignorado por uma agência, recebi um telefonema meia noite de terça-feira dizendo que o Hotel Urbano queria me dar a viagem ao Sul para ver a decisão.
Dormi pouco, mal, acordando a cada 2 horas. Eu queria que chegasse logo. Nunca fui a Arena nova, e por ser são-paulino também não costumo estar na final da Copa do Brasil (ri, filha da puta!)
Corri, arrumei tudo, mandei o filhote (dog) pro hotel e fui!
Oi, Carol!
Cheguei no aeroporto do Rio e só tinha gremista. Uma delas, logo do meu lado no check in, Carol Portaluppi. Imediatamente mandei mensagem pro pessoal do Hotel Urbano e agradeci. Porra, um voo pra Porto Alegre e com ela??? Já te considero tanto, Hotel Urbano… (fazendo coração com as mãos)
Nas duas horas de vôo escrevi sobre Espinosa, Renato, e o que seria genérico independente do jogo. Esse diário comecei aqui, agora, da poltrona 26D, de onde vejo só a cabecinha da Carol enquanto ouço Luan Santana no fone (ai, ai…).
“Fala com ela cara!”. Então… eu falei com ela. “Oi Carol! Eu sou o Rica Perrone, jornalista. Ja nos falamos no twitter por DM umas vezes…” Ela foi simpática, fez que reconheceu, mas os olhos dela gritavam um “Quem?!?!?!” que eu até sai de perto. “Bom jogo!”. O que significa que aquele texto que fiz defendendo ela do caso da invasão do campo não mandaram pra ela. Mandaram pro presidente do Grêmio, pro vice, pro marketing, pro elenco, mas pra ela, não. Porra, vocês são sem critério…
Tudo bem, eu nem queria mesmo seu telefone, Ca-ro-li-na! Hunpf! #paz
Vai dar Grêmio
Tava aqui pensando. São 16h45 agora. Mais 40 minutos eu chego, corro pro hotel e vou pra Arena. Mas não é sintomático demais voar de “Azul” pra uma final do Grêmio?
Fofos
Gremistas são “fofos” comigo. Eu não sei se eles não estão acostumados com alguém falar da grandeza deles fora do RS, sei lá. Mas eles me tratam tão bem, mas tão bem, que eu fico até em dúvida se eles não estão me confundindo com o mendigo do pânico, que é meu cover.
Mudos
E os atleticanos andam pelo aeroporto com cara de terrorista. Parece que eles sabem que tem uma arma e vão explodir a porra toda e não podem demonstrar.
Sabemos. No fundo é só aquela certeza escrota da derrota banhada por um otimismo óbvio de estar indo ver mais uma virada épica do Galo. E se acontecer, convenhamos, mudem “inacreditável” pra “Galo” no dicionário amanhã cedo!
Tá, chega. Vou desligar o computador e focar na Carol… ops, na viagem. Até já!
Uber
Cheguei, corri, peguei um Uber e partiu Arena. Ele me recebeu meio mudo, não disse não saber o caminho e nem tentou me enfiar balas de todo jeito. Achei estranho.
Na medida em que o carro ia chegando na Arena os gremistas faziam festa em volta, ele de cara mais fechada ainda.
Uma hora não aguentei.
– Irmão… tu é Colorado?
– Sou.
(Silencio eterno)
– Eu posso descer aqui …
– Ok.
#paz
A gloriosa descoberta de um público
Nada é mais maneiro do que o torcedor chegar em você e dizer que você o emocionou com o texto X ou Y. É meu objetivo maior, portanto, nada me deixa mais contente.
Tô nem aí pra furo de reportagem, quero é ver nego doente pelo clube dele, levando filho no estádio e curtindo essa doença chamada Futebol.
Eu juro que não sabia que tanta gente em Porto Alegre me conhecia. Fiquei muito feliz, mesmo! Conheci o estadio todo, andei em volta, fui na lanchonete, na sala do presidente, fui guiado pelo vice Dutra, conheci conselheiros e diretores. Foi muito maneiro.
O Grêmio é enorme.
O melhor estádio
Resumindo, não estive num melhor. Foi o que achei. Encantado com a acústica, a dimensão, a possibilidade de festa com bandeiras, fogos, etc. E também o fato dele ser lindo e glamouroso, porém num bairro pobre. Isso dá um ar interessante.
Não fui ainda no Beira-Rio novo e nem no Allianz. Mas dos que fui… é o estádio que mais gostei. Incrível!
Na geral
Meu ingresso foi dado pelo clube. Na noite que pedi o ingresso no twitter fui surpreendido por uma mensagem do vice presidente do Grêmio me convidando em nome do clube pra ver a final. Eu fiquei até meio emocionado.
Ali, quando vi meu lugar, quase não acreditei. Eu queria muito ficar perto, e me colocaram em cima da Geral. Onde eu queria ver a festa.
Foi de arrepiar o minuto de silencio, as homenagens, o envolvimento do torcedor do Grêmio com a decisão, enfim, tudo! O Olímpico pode, enfim, descansar em paz.
O gol que ninguém viu
Cazares meteu um olho azul num gordo. Foi lindo, mas não adianta nada. Eu diria que em meio a festa, fumaça, fogos, abraços e tudo mais, 80% do estádio só descobriu que não foi 1×0 na manhã seguinte.
Nunca vi um gol tão lindo ser tão ignorado na vida. E nem foi de propósito, foi porque não viram mesmo. No mínimo curioso.
Os pais e filhos
Nada, absolutamente nada, mexe mais comigo do que ver que o futebol é um elo de pais e filhos. A saída do estádio era genial! Pais abraçados aos seus filhos e filhas chorando, ou as vezes até com 3 gerações juntas.
Crianças de 12 anos que nunca tinham visto o Grêmio campeão que o papai contava ali descobrindo ser verdade. E a oficialização de um amor que dali nunca mais vai sair. Essas crianças aprenderam o que é ser torcedor e jamais se venderão a Barcelonas e Manchesters. São Grêmio, como seus pais.
A noite
Eu não tinha condições físicas de aceitar os convites de churrascaria ou rua. Era 2 da manhã quando acabei de escrever e publicar tudo, eu tinha dormido só 4 horas e acordaria as 7 no outro dia pra voltar. Fiquei.
E pela televisão revi o jogo, descobri lances que não pude no estádio e o quanto os closes na torcida pela tv mostravam o choro de nervoso. Não porque o Grêmio ia perder, mas porque o jogo não acabava nunca.
Foram 15 anos até o juiz apitar.
A volta
Satisfação. É esse o termo. Morto, quebrado, cheio de compromissos atrasados, mas muito feliz. Eu sempre quis ver todos os times serem campeões em seus estádios. Vi muitos, e o Grêmio era um dos que me faltava.
Foi melhor do que eu imaginava. Maior do que eu previa. Um dos momentos mais incríveis que já vivi, porque é pra eles que vivo. É por ter que segurar lágrimas que não são minhas ao ver uma gente tão feliz que faço o que faço.
Obrigado Hotel Urbano! Foi um presentão! E ao Grêmio, sua gente, sua direção e sua festa… guardei um pedacinho azul aqui que não vou descolorir jamais. Vocês são foda!
abs,
RicaPerrone