É Deus que aponta a estrela que tem que brilhar
Em tom de brincadeira mas com muita convição de ser de fato o que ele pensa, Xande de Pillares acabou eternizando uma frase que um ateu deveria renegar.
Mas não o farei.
Por diversos motivos mas especialmente por ele ter razão.
Chame de Deus o que você quiser, seja você da religião que for, ou ateu como eu, é um tanto quanto claro que a vida gosta mais de algumas pessoas do que de outras. E isso costuma ser chamado de “Deus” pela nossa civilização. Dito isso, confirmado na prática, sim, “é Deus que aponta a estrela que tem que brilhar”.
Gabriel é uma afronta aos coachs. Ele faz tudo do jeito que ele quer e o resultado é sempre o que ele esperava e não o que os palpiteiros previram. É o Belo de chuteiras.
Quanto mais ele erra e acerta, mais humano ele fica. E mesmo odiando o Gabigol, você adora odia-lo tanto quanto muita gente odeia ama-lo. Gabigol é um voo de mariposa. Sem plano de voo, mas voa.
O sujeito conseguiu fazer uma nação ama-lo, adora-lo e depois querer ve-lo fora do clube. E no mesmo ano ele conseguiu decidir um título, sair titular, anunciar sua partida já tendo batido no maior rival do novo clube.
É surreal como as coisas terminam de forma cinematográfica pra ele. Parece um desenho da Disney, ou, como diria o outro, a escolha divina pra brilhar.
Hoje é dia de Flamengo, campeão merecido da Copa do Brasil. Mas nem o mais fanático rubro-negro hoje dorme tão feliz, aliviado e com sentimento de missão cumprida quanto Gabriel.
Amanhã eu não sei. Nem ele, provavelmente. Mas a vida já lhe deu motivos suficientes pra saber que, aconteça o que for, a chance dele se dar bem é enorme. Deus? Talento? Fé? Escolhas? Personalidade?
Não sei dizer. Mas não saber reconhecer ou curtir tal história sendo escrita na nossa cara é um erro que não cometerei.
Que prazer ve-lo brilhar, errar, acertar, tentar, voltar, cair, levantar, Gabigol! Um mundo enlatado em redes socias precisa saber que nem tudo tem receita. Afinal, é Deus que aponta, né?
RicaPerrone