Eles entenderam
Foram muitos anos sem para criar saudades. Fracassos para gerar interesse. Um sufoco danado pra alimentar a paixão. E apenas 6 jogos pra criar intimidade.
Botafogo e Libertadores não falam a mesma língua. Nunca se entenderam bem, mal se olhavam. Ao confirmar o encontro para 2014 o inevitável pessimismo nos levaria a crer que “eles não sabem jogar Libertadores”.
Como que por instinto, nos surpreendem.
Longe, bem longe, de jogar um grande futebol. Como se a Libertadores fosse um torneio de futebol…
Aqueles que nem iam agora vão. E lá, ao invés de cobrar, empurram. Entendem que o sufoco desnecessário é, as vezes, inevitável. E se uma vaia puder ajudar a atormentar um dos inimigos, cá estou para vaiar.
Sofrido, suado, quase injusto. Foda-se.
Ninguém convidou o Botafogo para um espetáculo artístico com a bola, nem mesmo uma campanha monótona de pontos corridos em busca de regularidade.
O chamaram pra guerra. Pra um confronto de camisas, pontapés, divididas e, também, futebol.
Talvez hoje, como há alguns jogos, tenha faltado o futebol. O resto, não.
Nem mesmo torcida, marca registrada do pós jogo do Fogão, está em pauta. Foram 26 mil, não é muito. Nem pouco.
São suficientes, desde que entendam o que foram fazer lá.
Hoje, quando a bola do Independiente começou a rondar a área do Botafogo a torcida tinha duas escolhas. Cobrar um futebol melhor ou empurrar a bola pra longe com eles.
Escolheu certo.
E no final, onde tudo poderia insinuar uma vaia, ouviu-se uma explosão. Não teve “eles”, “nós”, “vocês”.
“Vencemos!”
Eles já entenderam tudo.
abs,
RicaPerrone