Futebol

Era dos medíocres

Medíocre é aquilo que é médio. Comum, pouco ousado, quase igual. Medíocre é aquele que faz o que todos fazem em busca de um resultado que todos tem. O futebol, que pouco muda, que insiste em não notar a mudança do jogo e não acompanhar com as regras, é hoje um paraíso para os medíocres.

Privilegia quem se defende, facilita quem destrói e deixa cada vez menos espaço para quem cria, brilha e se diferencia. É preciso correr, marcar, depois, jogar.

É assim que Roth, Muricy, Joel e outras “coisinhas” do tipo ganharam espaço. Não é coincidência, é momento. O Chelsea faz a mesma coisa, as seleções como vemos na Euro idem. São raros os grandes jogos, mais raros ainda os que ousam algo diferente sem cair nas teias de outro setor, tão mediocre quanto: a mídia esportiva.

Estes, que cobram melhorias, insistem em aplaudir o medíocre. Mas pedem brilho. Como, se só toleram os comuns? Como buscar algo a mais se o tolerável é apenas o resultado no final do jogo?

Se o futebol hoje permite, se os números mostram que o anti-futebol é mais competente e que é mais aceitável evitar perder do que ousar ganhar, porque inventar?

Sejamos todos medíocres.

Não condenem Joel, Muricy e Roth. Sào medíocres, sempre foram.  Condene quem os aplaude e insistentemente busca uma cópia daqueles que nos copiavam. Hoje, já adaptados ao estilão deles, nós tentamos copiar e nem sabemos mais o que.

É o Vasco que perde vaiado, porém tentando. É o Cruzeiro que venceu jogando como um nanico, porém, venceu. É o Flamengo que joga pra não perder, o Grêmio que tenta jogar e não tem ninguém pra criar, só pra destruir.

O Palmeiras acéfalo e finalista da Copa do Brasil. O talentoso São Paulo que não tem vergonha na cara e joga como se disputasse uma partida de video game.  O Santos que não brilha mais, só cruza na área.

O campeão europeu, que só defende. A Champions, de 4 semifinais fracas. A Euro, medíocre até aqui.

As “melhores seleções do mundo”, como Espanha e Brasil, que jogam “pro gasto”.

Ninguém mais brilha. Não há espaço. É um massacre pouco inteligente em busca do 1×0 e pouco importa o que existe por trás disso.

[pullquote_left]Será que um dia as pessoas conseguirão diferenciar “jogar futebol” de “jogar bonito”? [/pullquote_left] E no final, reclamamos. Incoerentes, burros, cegos que somos.

Se o futebol não quer notar que o fisico ultrapassou a técnica e que é preciso rever regras para forçar o jogo a privilegiar a técnica, então não vamos nós, brasileiros, donos da técnica, inverter valores e passar a exaltar a porcaria que estamos exaltando ultimamente.

Hoje, não eufóricos pelos titulos, qualquer um nota a falha de brilho nos títulos do Muricy pelo SPFC e pelo Flu. Nota as campanhas Roth, o estilo Joel e sabe que não é isso que queremos ver. Mas, em troca de 1×0 domingo contra o Madureira, aceitamos.

E quem se contenta com pouco está fadado a mediocridade.

Nosso futebol não pode ser medíocre, pelo simples fato de ter sido, por muitos anos, o único a não ser. Hoje, comum, aceitando migalhas, aplaudimos. E quando convém, criticamos.

Afinal, com uma cobrança medíocre é possível esperar algo genial?

abs,
RicaPerrone

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