Eu vi
Não sei de devia contar, mas foda-se. Eu não gosto da idéia de que jornalista não pode ter amigos, acho exatamente o contrário. Quanto maior seu convívio pessoal com pessoas do meio, mais respeitoso é sua forma de julgar as coisas.
Era começo desse ano. Fui jantar com Mário Bittencourt e ele ligou pro Simone (diretor de futebol) ir também. Fomos com as famílias, esposas, filhas, enfim. E neste jantar informal e sem qualquer interesse jornalístico, conversamos muito, óbvio, sobre futebol. E sobre o Fluminense especialmente.
Em diversos momentos do jantar eles esqueciam de mim e discutiam entre eles algumas coisas que eu não entendia muito bem. Mas a cara de cansaço e o medo de dar errado eram nítidos. Por mais que eles digam que não, que tinham certeza que tudo acabaria bem, eu apostaria um braço que havia incertezas de tirar o sono naquele momento.
Vai dar pra pagar? Vamos ter que vender? Somos mesmo tão menores assim sem um patrocinador/torcedor? Quando sentarmos de novo aqui, em julho, estaremos brindando ou chorando as magoas?
E se eu discordei e discordo de diversas opções deles, como é natural no futebol, eu nunca duvidei do esforço e do quanto é covarde ter que trabalhar contra uma situação e também contra uma mídia que ao invés de te empurrar pra cima, te pisoteia.
Passaram os meses. E durante esse período eu discuti com o Mário algumas vezes. O tema mais comum? Que eu achava que tinha time pra brigar, ele que “ainda não”.
Toda rodada desde a estréia no Brasileirão eu mando uma mensagem pra ele dizendo: “Ainda acha que não dá?”. E ele responde cada vez menos convicto que é “muito difícil”. Não porque ele duvida dos caras, longe disso. Mas porque ele acha muita responsabilidade nas costas de garotos. E que seria muito difícil todos eles responderem bem ao mesmo tempo.
De fato, é mesmo. A história diz isso.
Mas aí a bola continuou a entrar. E mesmo trocando de treinador, alternando partidas sonolentas e mais empolgantes, o Fluminense se fez protagonista do Brasileirão, que já passa da décima segunda rodada.
Eu não sei o que vai acontecer, nem eles. Eu sei que já se foram 6 meses do “fim do Fluminense” e ele me parece bem longe de acabar. Pelo contrário, o que vemos em campo é de uma juventude ímpar no Brasil. De um clube que se puder compra, se não puder, cria.
O jogador mais cobiçado do Brasil hoje é moleque do Flu. A maior venda da janela, moleque do Flu. O time que terminou o jogo de hoje, vencendo o atual campeão brasileiro com 5 ou 6 da base? O Fluminense.
Talvez termine o ano brigando pra não cair. Mas duvido. Talvez seja campeão, e eu não duvido.
O que na verdade pouco importa, desde que ao final dessa longa caminhada essa geração de novos tricolores consiga se convencer por fatos incontestáveis que nunca foi a Unimed, o Muricy, nem o Conca.
Era o Flu. Sempre foi. E vai continuar sendo.
Mário… Dá! Você sabe que dá.
abs,
RicaPerrone