Fla 1×0 Corinthians – Análise tática
Muita tática, muita teoria, muito bla bla bla e, quando chegou na hora, o Maracanã recebeu um diluvio. Lá se vai a teoria, lá se vai a tática, e lá vem a loteria do futebol, o inexplicável do mata-mata, o que tanto seduz neste esporte.
Mano x Rogério, sendo que um deles sequer pode trabalhar. Na verdade, era Flamengo x Corinthians, e naquele momento, se tornava inteligencia x burrice, ou sorte x azar.
Não tinha como rolar a bola no chão. Naturalmente Ronaldo, Dentinho, Elias e Danilo estavam mortos em campo, pois não sabem jogar pelo alto. Hora de Adriano, de Léo e Juan cruzarem. Mas, não.
O Flamengo vacilou e perdeu a chance inicial de usar a altura do time para superar o Corinthians. Os dois times cruzavam de onde dava, e o Fla ainda arriscou umas jogadas pelo chão.
Loteria, das boas.
Rogério, que escalou o Flamengo para não levar gols e poder ter a vantagem no Pacaembu, errou quando viu o campo e manteve Michael. Era seu único elo de ligação entre defesa e ataque, e era um carregador de bola. Ali, não dava.
Era pra entrar com o Pet e deixar Pacheco e Michael para quando e se o campo secasse. Não fez.
Viu o Michael errar tudo, forçar drible, perder a bola, insistir em correr com ela e perde-la. Ainda assim, talvez pelo pouco tempo de comando, não mudou. Eu mudaria com 15 minutos, e até escrevi no twitter. “Tira o Michael, coloca o Pet. Não é jogo pra ele”.
Dito e feito. O cara foi expulso e quase jogou a pequena chance de superação do Flamengo, em crise, pro alto.
O Corinthians, pelo gramado, se perdeu completamente. Não conseguia criar nada em virtude da característica de seus jogadores. Ainda com um a mais, terminou o primeiro tempo sem criar, sem ousar, só administrando. O Fla, assustado, marcava forte e não conseguia mais criar.
Vem o intervalo, e o campo melhora bastante.
Com a bola rolando, o Flamengo tenta criar como pode, e até consegue. Adriano, parado, prende zagueiros e só. O Love corre, se mata em campo, enquanto os outros 9 fazem o que podem e o que não podem para compensar o jogador a menos.
O Corinthians usa toda sua experiência e frieza para tentar levar a decisão pro Pacaembu no 0x0. Mas, errou. Devia ter usado o coração também.
Era um time que insistia pelo meio contra outro que fechava o meio com enorme qualidade. Rogério matou a pau nessa entrada do Romulo, pois o maior problema do Fla foi corrigido.
Mano muda, ousa. Mete o time pra frente e abre nas laterais com J. Henrique e Iarley. O time não reage, porque no mesmo momento o Juan sofre penalti incontestavel.
1×0 Flamengo, e a cara do jogo muda.
O placar é altamente gratificante pro time que tem um a menos e vem em crise. Pro Corinthians, nada bom. Também não é trágico.
Mas, ainda assim, Mano manda o time pra cima, pressiona o Flamengo e confia na sorte para não sofrer um gol no contra-ataque. A sorte, aliada a extrema postura defensiva justificavel do Flamengo pela ocasião, desde o gol, permitem o 1×0.
Rogério erra, troca Love pelo Pacheco. Era pelo Adriano, mas, autor do gol, manteve. Love corre e dá muito mais opção do que o Imperador.
E convenhamos, naquela altura não era uma bola alta que ia resolver, mas sim uma bola rápida de contra-golpe.
Ronaldo se arrasta. Longe, muito longe, daquele monstro que conhecemos.
David desmonta o atacante alvi-negro em atuação de gala. Romulo fecha todas as investidas do Elias, que vem de trás com qualidade sempre. E Willlians e Leo Moura param Roberto Carlos e Danilo.
Sobra Moacir e Juan. Onde Maldonado parecia perdido, marcando mal e um tanto quanto abaixo do seu nível.
Moacir deita e rola quando o campo seca. Mas o duelo é franco, bonito de ver. Juan não fica preso, nem Moacir. Abrem-se avenidas pelo setor, numa disputa mais do que ousada pela melhor jogada.
Juan consegue, neste duelo, o lance do gol. Moacir quase faz um lance decisivo, aliás, foi o melhor do Corinthians.
Mas, entre muita marcação do Flamengo e pouca inspiração do Corinthians, o resultado parecia garantido.
Minutos finais e o Rogério mexe de novo. Tira Willians e usa o Fierro, mais ofensivo. Talvez pensando no contra-ataque, ou talvez vendo que Léo Moura não tinha mais condições físicas de apoiar quando a bola era retomada.
Jamais teria tomado a decisão de tirar o Kleberson de um jogo destes, ao menos no banco. Mas, também, não teria tido a coragem de meter o Romulo e corrigir um sistema de marcação que não se encontra ha meses.
Mano fez tudo que podia, mas parou na falta de ousadia do time, não do esquema.
Rogério errou, acertou, e teve a seu lado um time muito afim de provar que estava vivo.
E agora está, mais do que nunca.
No Pacaembu, o jogo é outro. Jogo pro Pet, talvez. Jogo pro Jorge Henrique, talvez.
Acho que os dois times mudam a escalação pro jogo de volta. Um por suspensão, outro por opção.
Parar o ataque do Flamengo é dificil. Fazer 2 gols não é nada absurdo. A vantagem é “se o Flamengo marcar um”. Aí sim, a coisa muda de figura.
Tivemos um duelo tático de 45 minutos, onde as opções do Mano me pareceram corretas. Não funcionou porque futebol não é xadrez. Você posta as pedras, mas elas tem que fazer a parte delas. E do outro lado, outras pedras também buscam o seu.
Rogério teve erros e acertos, mas no final das contas, pra quem treinou o time 2 vezes, foi bem.
Quarta-feira que vem tudo será diferente. O Corinthians não repetirá a atuação apática de hoje, e o Flamengo pode não jogar com 10.
Destaco a boa atuação de David, melhor em campo. Leo Moura, Willians e Romulo, muito seguros. Juan, aplicadíssimo, e Love, idem.
No Corinthians, Moacir fez bela partida, Chicão também foi bem. O restante foi tão “comum” que não consigo nem criticar demais um só e nem elogiar.
abs,
RicaPerrone