O debate sobre os aplausos jornalísticos a Jorge Jesus após Flamengo x Gremio é interessantíssimo. Pode a imprensa aplaudir alguém? E a isenção? Quando sai o jornalista e entra o torcedor?
Primeira etapa desse debate é entender que os “influenciadores” – termo escroto usado pra não rotular um profissional que está ali fazendo o nicho que a imprensa não tem capacidade de atingir – tem o direito de fazer isso e mais: o dever. Eles representam torcidas. A imprensa, não.
Mas aqui vai uma breve reflexão.
Porque vocês não se revoltam com os colegas que mentem? Porque não se rebelam contra as perseguições constantes e abertas de jornalistas e treinadores e jogadores por algo pessoal?
Porque nunca incomodou que treinadores fossem menosprezados e humilhados por colegas de vocês?
Porque é permitido ofender, humilhar e não aplaudir?
Onde está vossa isenção quando ideologicamente seu jornal/emissora manipula os fatos pra brigar veladamente contra quem discorda dela?
Onde está sua raiva com o jornalista que agride meio mundo por indireta e quando respondido processa pra se fazer de vítima?
Onde está vossa indignação quando plantam notícias, quando colegas são comprados por diretorias e entidades pra defender posições de interesses de terceiros?
Tudo isso é dia a dia. Ninguém liga.
Mas os aplausos a um profissional que acaba de brilhar os ofende?
Entenderia fosse sua índole a isenção. Não sendo, fazendo parte do mais escroto e corporativista câncer deste país chamado “imprensa”, quem és tu pra se indignar com aplausos?
Há um mantra jornalístico que diz que “jornalismo é oposição”. E é tão absurdo que oposição determina lado, e portanto não é isento.
Se amanhã Jesus perder 3 jogos diversos jornalistas farão deboche, campanha pra derrubar, discursos clubistas pessoais contra o treinador até destruir a reputação do sujeito. Mas não, isso não revolta.
Aplausos, sim. Isso deixa a imprensa “puta”.
Ou será só raivinha por ter que dividir sala de imprensa com jornalistas nichados em clube?
RicaPerrone