Incriticável
O que mais vence, o mais competitivo, o que melhor revela e vende, o que mais fatura com bilheteria e prêmios, o que mantém o treinador, o que tem o maior patrocinio do país, um dos melhores estádios, uma estrutura que funciona e um time competitivo o tempo todo.
Esse é o Palmeiras dos últimos anos. Talvez desde 2018, talvez um pouco antes, um pouco depois. Fato é que o Verdão compra menos que seus rivais, ganha tanto quanto ou mais e ainda se dá ao luxo de ser hoje o maior lançador de jovens jogadores do país.
Ah! Importante. A base do Palmeiras inesxistia até outro dia. Hoje ganha tudo que disputa e entrega pro principal de balde.
Como é que você pode criticar a administração desse clube? Tem erros? Claro! Mas olhando em volta o baile é tamanho que deveria gerar constrangimento fazer fortes críticas ao Palmeiras.
Competitivo até quando não está bem, o Verdão mudou de patamar sem uma SAF. Ampliou suas fontes de receita e conseguiu corrigir seu maior defeito que era a base. Tirou o “esqueminha” da organizada, aproximou o sócio, ganhou tudo que podia e quando o ciclo natural de um time na América começa a dar sinais de desgaste… chuva de críticas, dedos apontados e até xingamentos ao treinador.
O futebol sempre foi cruel e apaixonante. Mas mesmo a paixão que é o mais descontrolado dos sentimentos precisa de bom senso as vezes.
Ninguém se isenta de críticas embora com a internet elas venham massivamente de quem não tem credencial pra faze-las. Mas em alguns casos as vaias são abafadas por fatos. E é fato que esse Palmeiras não pode ser vaiado.
Talvez numa noite ruim, num lance especifico ou numa alteração qualquer. Mas protestos, análises eufóricas e alucinadas de terra arrasada pra um clube que há anos entrega o que nem você mesmo sonhou um dia é um tanto quanto assustador.
Influenciadores tomaram de assalto a função de pensar futebol por incompetencia da imprensa, não só pela ideia em si. De modo que reclamar deles é meio complicado pra quem sempre se escondeu num diploma pra fazer quase a mesma merda.
Mas o desespero por clique leva essa galera a viver de céu e inferno todo santo dia pra ser o mais sensacionalista possível. Veja você, quem mais criticava a imprensa por ser sensacionalista hoje é mais ainda quando teve nas mão a decisão entre o clique e o bom senso.
Influenciados ou não, mimados por essa geração que não sabe se frustrar, cresce uma onda de imediatismo doente onde qualquer coisa bem feita é jogada no lixo pela última noite.
Vivemos no país onde o Felipão, ídolos em 2 países, campeão mundial, ícone da profissão no mundo com mais de 35 anos de sucesso é julgado por 90 minutos. Onde o Zagallo morreu sendo questionado e não ovacionado.
Mas ainda que seja o normal devemos nos revoltar.
Ao Palmeiras, meus caros, apenas os aplausos. Um erro aqui, outro ali, mas a grosso modo aplausos e mais aplausos porque o que foi feito, pelo tempo que tem sido feito, não é comum.
Do fundo do poço de série B para o domínio continental do futebol em todas as áreas. E isso sem um investimento de terceiros do dia pra noite.
Noite, aliás, como a de ontem, onde as coisas não deram certo. E no meio disso tudo surge um grupo que sustenta e esconde bandidos dispostos a hostilizar seus ídolos porque a mamata acabou.
Cuidado com os não palmeirenses. Torcedor que ostenta mais a camisa de uma organizada do que a de um clube não é torcedor mais. Virou membro.
O Palmeiras hoje poderia vender consultoria como vende jóias reveladas em sua base. Na incapacidade nacional de buscar conhecimento com quem acerta, procuremos defeitos nas vitórias pra explicar nossos fracassos.
Criticar o Palmeiras ontem é do jogo. O Palmeiras em sua gestão e resultados numa amostragem real e não um recorte de semanas é cruel, covarde, quase burro.
Nunca houve um Palmeiras maior. Melhor, em campo, muitos. Mas fora dele, como instituição, jamais chegou perto de ser o que é hoje.
Criticar o Palmeiras e apontar o dedo pra essa gestão, tanto técnica quando administrativa, pra mim seria um ato de arrogância que não vou cometer.
Até porque, sabe-se lá se daqui 1 semana ele não estará dando outra volta olímpica…
RicaPerrone