A maior atuação que eu vi um time ter por 90 minutos foi em Palmeiras 5×1 Grêmio em 1995. Por ironia do destino o resultado eliminou o Palmeiras, que havia sido goleado em Porto Alegre no épico jogo da briga.
Eu me recordo bem que o mundo dizia que fazer 5 gols no time do Scolari era absolutamente impossível. O Palmeiras era um bom time, mas não era o timaço de 96 ainda. Que aliás, foi o que vi jogar mais bonito na vida. Mas voltemos a 1995.
Naquela noite o Grêmio ainda fez a covardia de sair na frente. Com aquele gol, mesmo tomando 5 a vaga era dele e, portanto, o jogo estava decidido. Talvez você pense, então: “a goleada veio porque o Grêmio tirou o pé”. E não, não é verdade. Os dois times entraram em campo num nível de ódio pela briga generalizada da semana anterior que um grenal parecia amistoso.
Havia orgulho, problemas pessoais, a vaga, o que foi dito pela mídia, enfim, tudo em jogo naquele dia.
Era 2 de agosto. O Palmeiras conseguiu em 60 minutos (15 do primeiro e mais o segundo tempo) fazer 5 gols na defesa impenetrável do Grêmio. Movidos por raiva, vingança, vergonha na cara e o que mais fosse, eu nunca vi um time jogar tanto. E me refiro a tudo, não apenas a parte técnica ou tática. Mas o fato de se entregarem naquele nível em busca de algo absolutamente impossível que chegou a se tornar possível no fim.
O técnico era Carlos Alberto Silva, que faleceu ontem aos 77 anos.
Eu não vou fazer nenhum texto que crie no falecido um mito que não foi, nem mesmo ficar explicando seus feitos porque acho que é o mínimo de quem ama futebol conhece-los. Carlos Alberto não foi um dos melhores que eu vi, nem mesmo naquele Palmeiras fez um trabalho brilhante.
Mas naquela noite, mesmo que eu nunca tenha conseguido descobrir detalhes do que houve naquele vestiário, eu tenho certeza que ele foi parte responsável de uma das maiores partidas da história do nosso futebol.
Vá em paz, professor! Foi um prazer.
abs,
RicaPerrone