Injustiça não inspira justiça
Já escrevi 3 textos. Deletei os 3 porque não tô com paciência de aturar polêmica idiota e nem ong ou colega lacrador oportunista usando algo pra se promover em cima da audiência alheia. Mas não vou desistir. Ainda vou achar palavras pra dizer o que estou tentando dizer.
Nós não estamos falando de um assalto. Um assalto, seja ele por necessidade ou vocação, é um erro desde sempre. E toda vez que alguém o cometeu sabia o que estava fazendo.
Estamos falando de um comportamento cultural. Pro meu avô ser homofóbico não é uma questão. É uma virtude. Ele foi educado assim e aos 85 anos eu não vou conseguir explicar pra ele que não lhe ensinaram direito. Ele vai morrer homofóbico.
Na cabeça de algum gay meu avô é um “fascista” opressor filho da puta que deve ser preso. Mas pro meu avô ele é apenas um ótimo cidadão que cumpre o que lhe foi dado como diretriz pelos seus pais, igreja e sociedade.
Quem está errado?
Ninguém. Meus caros, a terra pode ser plana. Os malucos que hoje lutam por essa tese são xingados, avacalhados e acreditam nisso. Nós temos certeza de que é redonda. Mas se um dia ela se provar plana, nós não somos monstros por rir deles. Nos foi ensinado que era redonda. Nunca foi uma questão. Sempre foi um fato.
Pra geração dos nossos avós ser gay era um defeito, inclusive religioso. Veja você que loucura. Pegar meu avô e dizer pra ele que a bíblia que ele carregou não estava certa, que a igreja que ele frequentou por 70 anos também não, que seu pai lhe ensinou bobagens e que agora ele tem que mudar.
Ele não consegue! Não é uma escolha. Ele não é um homem ruim. Apenas uma etapa de um processo. Ele vai morrer, o meu pai já vai conseguir entender que gays são como nós, embora ele ainda não vá achar normal. Eu talvez morra achando normal embora vá ter medo de ter um filho gay. E meu filho talvez tenha um filho gay e comemore. Sei lá! É assim que as coisas mudam, naturalmente e com educação.
Eu não vejo um gay como via há 15 anos. Mas eu tenho 40, educação, condição, cultura e estudo pra mudar mais facilmente. Há uma geração de incapazes num país subdesenvolvido que não vai mudar um discurso, uma piada, uma regra religiosa no grito.
Diria a vocês que 70% deles vai morrer fingindo terem mudado, mas virando a cara e falando baixinho “viado do caralho…”.
Adianta?
Pra mim, nada. Mas se pra alguns a migalha de ser midiático resolve a questão, ok.
Meu ponto simples e direto: Nada se muda do estádio pra fora. O estádio reflete a sociedade e não a sociedade um estádio. Se ha violência no estádio é porque há lá fora. Não o contrário.
Parar o jogo? Ok. Acho meio bobo, mas ok. De alguma forma você evidencia o erro.
Tirar ponto do time que tem 100 profissionais e famílias ali porque a sociedade continua tendo reações culturalmente comuns das quais eu, jogador, dirigente ou treinador não tenho controle?
Calma lá. Mais educação, menos gente queimada no pneu pra dar exemplo. Afinal, somos os civilizados, não?
RicaPerrone