Intocável corintianismo
A vaga na final não é do melhor time, não é do favorito e nem mesmo de quem jogou melhor os dois jogos. Mas sim de quem ainda se vê no espelho.
O Flamengo é uma daquelas senhoras que um dia se olhou no espelho e achou que precisava de algumas plásticas. Fez algumas, foi mexendo, mexendo, mexendo, quando viu mexeu tanto que não era mais ela.
Precisava mudar a administração e fez. Precisava de crédito e conseguiu. Precisava de estrutura e levantou. Mas nunca precisou deixar de ser o time do povo, da raça, do “vamo porra!”, porque no fundo é isso que o rubro-negro gosta.
Tire do torcedor todos os jogadores que você quiser. Não tire dele jamais o sentimento de olhar pro campo e se ver representado. O flamenguista há tempos não se vê ali.
O corintiano ainda sim. Vendeu todo mundo, jogou uma partida abominável no Maracanã, tem um time comum pra ruim, não jogou melhor os dois jogos, mas tem noção do que está vestindo.
A torcida do Corinthians foi lembra-los na terça. E eles entenderam.
A bola que pinga pra dividida é afastada com um golpe pelo corintiano, disputada de ladinho pelo rubro-negro. A noção de realidade do Corinthians os levou pra final. A falta de noção do que é Flamengo os tirou de lá.
Os últimos 10 minutos de um time sendo eliminado é obrigatoriamente um massacre. Os do Flamengo não são.
Os 180 minutos do Corinthians foram sofridos. Mas foram Corinthians até a alma.
E aquele Flamengo que sonhava em se organizar pra não precisar mais do “Deus me livre” assiste o Corinthians ainda zoneado e em “crise” chegar na final na cara dele, como quem joga na cara algumas verdades.
Em crise, cobrado, endividado, caótico, finalista. O Corinthians de sempre. Porque em alguns clubes muda-se tudo, menos a alma. Outros não entenderam isso ainda.
abs,
RicaPerrone