BotafogoFlamengo

O jogo como ele é

O Botafogo é um elegante senhor de terno e gravata. Não bebe, não fuma, não fala palavrão. Aos domingos, vai a missa. Aos sábados, a um bom restaurante com a família. Ganha bem, tem um sobrenome tradicional, uma mãe escritora e um pai doutor.

Todos o respeitam. De rara elegancia, não se indispõem com ninguém.  Nem com quem deveria.

O Flamengo é um tiozão metido a malandro. Filho de faxineira com pai desconhecido, nasceu no morro e anda de metrô. Adora samba, nunca come fora e quando o faz é na birosca da esquina.

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Pobre, com orgulho. Parece recusar qualquer possibilidade de evoluir enquanto ser humano. Entre estudar e ir a praia, sempre preferiu a praia. Não a toa ao invés de doutor é um informal professor de surf a jovens playboys que querem impressionar as menininhas.

Marrento, causa amor e ódio. O Botafogo, seu vizinho, não causa nada.

Entra e dá bom dia a cada porteiro do prédio. O  Flamengo entra cheio de areia e nem lava os pés. Faz um rastro de sujeira até o elevador e ainda reclama do tapete.

Os dois querem a mesma mocinha. A tal da “Vitória”.  Linda, metida, com fama de difícil, ela flerta com o Botafogo.

É o sonho dos seus pais, afinal, ele é advogado, tem estrutura familiar, um rapaz “pra casar”.  Flerta, flerta, flerta, e nada.

Curioso, ele estuda formas de entender “porque”, ó senhor, ele não consegue conquistá-la se faz quase tudo certo?

Quase. E aí mora o perigo.

Ela é famosa, cheia de pretendentes, mas ainda é uma menina. E como todas elas quer personalidade e segurança, não um modelo de comportamento idealizado pelos seus pais, antigos e chatos.

Como quase todas, grita pelo Kaká, mas dorme com o Renato Gaúcho.

Hoje ela os encontrou. Os dois estavam na porta de sua casa, um de chinelo querendo ir ao pagode. O outro de calça, com 35 graus, querendo ir ao shopping.

Adivinha onde ela vai dormir?

abs,
RicaPerrone

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