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Messi jamais será Pelé


Quando vejo um argentino comparar Maradona com Pelé eu logo entendo porque são nossos rivais e porque os odeio. Quando vejo um brasileiro sugerir essa discussão eu entendo outra parte do Brasil, a do lado colonizado, vira-latas e auto-destrutivo.

Quando ligo a tv e vejo alguém com mais de 40 sequer sugerir tal debate eu sinto pena. Mas quando um garotinho brasileiro bota a camisa da argentina e defende que Messi é melhor que Pelé, eu sinto é vergonha.

Dos pais, da mídia, de nós mesmos. Da auto estima que carregamos desde garotos, da vocação pra ser o “paga lanche” da turma e de como somos estupidamente cegos pelo auto menosprezo.

Pelé não tem discussão.  E quem discute é por falta de conhecimento ou vontade de aparecer.  Talvez seja uma bela discussão Messi, Maradona, Zico, Zidane, Ronaldo. Enfim, humanos.

O que Pelé fez, ganhou e representou nenhum deles tem sequer a oportunidade de igualar. E portanto não igualarão.

Futebol foi um dia algo que pulsava em nossas veias e nas deles. Hoje é um negócio cada vez mais frio correndo por antenas e não mais por veias saltadas em nossos braços.

O torcedor virou fã. A referência não é mais o pai e sim o YouTuber favorito e a história foi totalmente pisoteada em nome de promover um futebol mediocre e “craques” de mentira pra entupir o rabo da pivetada.

Eles compram. As marcas compram. Compram canais no youtube, compram jornalistas, empurram fanatismo a distancia, futebol na sala e o “fã”.

Ora, fã é a puta que pariu. Fã eu sou do Will Smith.  Do meu time eu sou devoto. Da minha seleção, idem.

Mas não.

O futebol que hoje disputam não permite que um novo Pelé exista, nem mesmo se um dia existir. Simplesmente porque o futebol que nós amávamos hoje é feito pra que vocês assistam, comprem, não pra que amem e se apaixonem.

Pelé é lenda de um esporte muito melhor do que jogado hoje. E sem volta, sem nenhuma chance de retomar a pureza do futebol e o quanto ele era “do povo”, simplesmente não haverá e nem pode haver outro Pelé.

Não há mais aquele futebol. E o que o substituiu é consideravelmente pior do que aquele. E não, não me refiro apenas a parte técnica, que já é gritante. Mas ao que ele representa, a forma com que é tratado e nossa relação com ele.

Pelé fazia nossos pais chorarem, tomarem chuva, irem até outro estado pra vê-lo. Seus netos ouvirão o jogo do Chelsea que você viu pela ESPN em casa comento batata frita.

Não. Não há comparação. Nem entre eles e Pelé, menos ainda entre o futebol que amamos e o que vocês amam.

Esquece o negão. Discutam entre os seus mortais.

RicaPerrone

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