Meu primeiro Fla-Flu
Eu nunca tinha assistido a um Fla-Flu no Maracanã. E continuarei sem assistir na medida em que este novo Maracanã só tem o nome e o endereço do antigo. Mas, ainda que seja ele o dono da plástica mais mal sucedida de todos os tempos, não deixa de ser quem é.
Ali um Fluminense muito mais time que o Flamengo, que é muito mais confiante que qualquer outro. O que sentia de fora posso constatar lá de dentro: Não há nada que o flamenguista respeite mais no universo do que o Fluminense.
E vice-versa.
Traduzido em ódio, ofensas, apelidos maldosos, seja lá o que for. Mas é o único clássico em que a nação rubro negra não entra cantando vitória. E, pela história ou pela mística, o Tricolor sente isso.
Tanto sente que reage com uma falsa certeza de vitória, que na verdade não passa de uma insuportável vontade de não ver os seus desertores por cima. É a eterna vontade de “se vingar” de uma rebelião que originou o seu maior combustível.
Flamengo e Fluminense se abastecem desde sempre.
E hoje, quando Fred marcou, o rubro-negro soube estar diante de uma virada improvável. Não pelo placar, mas pela diferença técnica dos dois times. Passar pela “melhor pior defesa do Brasil” não é tão simples quanto pensam os tricolores, nem tão difícil como insinua este principio de Brasileirão.
Aos 30 do segundo tempo desenha-se o mais puro Fla-Flu.
A torcida do Flamengo se inflama em busca do improvável. Tão improvável que lhes parece até natural. E tão confiantes no impossível que conseguem fazer dos últimos 14 minutos de jogo um cenário confuso onde não está claro quem é quem.
Aquele contra-ataque que determina o resultado coloca fim a tensão de uns, a fé de outros.
É o “Ai, Jesus!”.
Fui conferir. Nenhuma lenda desmentida. Era tudo verdade.
O Flamenguista, com ou sem razão, olha pra todos de cima. Pro Flu, olha de frente.
Não é a toa.
abs,
RicaPerrone