O milagre de Assunção
Falavam em “Milagre do Engenhão”, dia de São Judas Tadeu e todas aquelas coisas que são ditas sempre que o Flamengo se encontra em situação complicada.
Não, elas não são mentiras. De fato o santo rubro-negro é quase o super-man, mas as vezes não basta.
O resultado foi feito com tranquilidade incomum, deixando todo drama para o duelo em Assunção. E lá, como previsto, jogo equilibrado e com cara de empate.
Foco no Mengão, na “superação”, no “inacreditável”, no “deixou chegar, fodeu”, entre outros históricos termos que acompanham o clube mais querido do mundo. Mas erramos todos, pois o protagonista era outro.
Coadjuvante num filme digno de Oscar, o Flamengo não pode nem reclamar. Fez de tudo para sequer ser notado na Libertadores e é capaz de sair lembrado eternamente por fazer parte do elenco de uma cena memorável.
Enquanto olhávamos apenas para a “derrota” do Flamengo pro Emelec aos 45 do segundo tempo, não notamos a virada do time equatoriano. Hoje, olhando pra tela errada, assistimos a menor parte de uma noite histórica.
Tudo estava pronto para que a vaga dramática fosse brasileira. Não havia sequer perspectivas de um drama que pudesse coroar Olímpia ou Emelec. Se classificados, nada anormal. Aliás, dane-se os dois, quem é “Emelec”, mesmo?
Mas estava ali, naquele time de azul sem graça, quase não notado por nós ao longo de tantos anos, a primeira grande história a ser contada na temporada 2012.
Hoje notamos que além da derrota do Flamengo houve, também, uma virada incrível do tal Emelec. Uma vez é acaso, é futebol. Duas, em sequência, em decisões, não.
Se há um time que merece a vaga nas oitavas da Libertadores chama-se Emelec, não o Flamengo.
Se fosse o rubro-negro notaríamos com maior facilidade a linda história que foi escrita nesta noite. Como não foi e nossos olhos se limitam a ver nossos erros ou os acertos europeus, ficou um vazio. Uma sensação de “quase épico”, “quase incrível”…. mas, calma lá!
Foi sim! O mais incrível que poderia ter sido. Aquele time três vezes eliminado em 180 minutos e que foi buscar mesmo sendo absolutamente “impossível”.
Sem Ronaldinho, Deivid, Love, salários absurdos e sem 1% da grife rubro-negra, ou mesmo da tradição de um Olímpia, tricampeão das Américas.
Acostumado a ser protagonista, pro bem e pro mal, é difícil fazer o rubro-negro notar. Mas hoje ele não passou de coadjuvante.
abs,
RicaPerrone