Morumbi, Vila ou Pacaembu?
Obvio que essa disussão cabe a treinador e dirigente. Não será, ou não deveria ser, o Zé da arquibancada ou o Pedro da geral que vai decidir isso.
A questão vai um pouco mais além, e nem quero entrar no mérito do que acha o torcedor. Óbvio que o corintiano acha que tem que jogar no Pacaembu e se eu fosse torcedor também acharia isso.
Mas se torcedor soubesse administrar algo não seria torcedor, afinal, por ele, os rivais sequer existiriam. Futebol vai além do que raciocina um apaixonado torcedor.
Cabe ao dirigente fazer uso de uma dose de paixão e outra, maior, de razão. E neste caso, com razão, cabe a discussão sobre o estádio.
Dizem que o Pacaembu tem enorme peso a favor do Corinthians e por isso não devem tirar o jogo de lá. Eu acho a discussão um tanto quanto arrogante, já que há um beneficio como “troco” e ele nem citado é na discussão. O Santos também perderia a Vila em caso de 2 jogos em campo neutro.
Tirar o Santos da Vila talvez seja tão relevante ou mais do que tirar o Corinthians do Pacaembu. É claro que o corintiano não pensa assim e já esqueceu das mil Libertadores perdidas no agora “impecável palco” alvi-negro.
Mas não deveria funcionar assim. Clássicos deveriam ser clássicos sempre, e sei que a “culpa” dessa palhaçada de “mandante” em clássico regional é do São Paulo com sua decisão pouco gentil há alguns anos.
Sei também que futebol, em São Paulo, é guerra. Importa vencer, não importa como. E pra vencer, se preciso acabar com a graça de um clássico meio a meio num grande estádio, que seja. Pensando assim, torcedores fazem seus “caldeirões”.
Mas dirigentes não deveriam ser meros torcedores. Se no Pacaembu ganham 2,5 milhões com 35 mil lugares, me parece óbvio que os 70 mil do Morumbi, multiplicados por 2, valem mais a pena para Corinthians e Santos.
Aí você me diz que o fator casa pesa. E eu repito que pesa na Vila também. E você me diz que acha que, mesmo assim, podendo faturar o dobro, vale o Pacaembu.
Entendo, é uma opinião. Talvez, torcedor, também pensasse assim. Mas não consigo enxergar o Pacaembu, casa do atual título sulamericano do Santos, como um campo tão “amedrontador” pro time santista. Ao contrário, acho que o Santos sentiria mais em jogar 2 onde nunca joga do que a decisiva onde joga de vez em quando.
Mas o Corinthians é paixão e não costuma fazer uso da razão em casos assim. Eliminar o “gol fora”, jogar num estádio onde haverá mais torcedor do Corinthians e tirar os meninos da Vila pode, talvez, valer a pena.
O imponderável Neymar, em casa ou fora, acha gols. E tirar o peso 2 deste gol pode ajudar.
Existem argumentos para os dois lados. A questão é o quanto os argumentos são válidos pra lá ou pra cá, e o quanto o corintiano está achando que joga contra o vento.
“Eu perco o mando”, “Eu perco a pressão”, “Eu perco o gol fora”, enfim… E o Santos? Não perde?
Eu, se dirigente, pensaria na grana e em 2 espetáculos de casa cheia, meio a meio, recorde de renda e 2 jogos sem “gol fora”. Se corintiano, talvez pensasse mais no Pacaembu. Se santista, mais na Vila.
O que não é aceitável é achar “um absurdo” a sugestão dos jogos serem divididos no Morumbi. Porque goste você ou não, absurdo não é.
É uma idéia interessante. Mesmo que não seja a sua preferida.
abs,
RicaPerrone