Nada justifica
Sob qualquer angulo que desejar analisar, não faz o menor sentido um brasileiro torcer pela Argentina. Queira você ou não, o próprio respeito e admiração pelo futebol deles lhe faria no mínimo incoerente.
Pois se gosta do que eles fazem, então repita. Eles não torcem por nós. Eles amam sua seleção. Estão com ela na alegria e na dor. E não vestem a camisa do “rival”.
Se respeita vosso patriotismo, seja como eles.
“Ah mas a Copa sem Messi…”, o Messi, na Copa, é “inimigo”. Tal qual sempre fomos a todos eles, que nunca fizeram questão de ver o Rei Pelé.
A rivalidade que há entre Brasil e Argentina é o futebol em estado puro, digno e honesto. Devemos nos odiar perto do limite que separa o futebol da vida. Ou seja, antes que algum burro interprete mal, devemos viver o nosso Grenal sulamericano em sua plenitude. Ou torcer pro Juventude e não encher o saco de quem está afim de disputar taças.
Time grande tem rival. Torcedor de time grande seca, odeia, adora, muda de idéia, chora, xinga, mas não torce pro rival nem sob tortura.
Nós, jornalistas do meio, aprendemos a não torcer mais contra nossos rivais de clube porque vivemos deles, temos amigos em todos eles e tal qual os jogadores, não enxergamos mais da mesma forma. Mas a seleção é o único momento onde o clubismo nos dá uma brecha pra vivermos nosso lado torcedor. E o que fazemos? Mimimi.
“Ah mas nossos Hermanos…”, Hermano é o caralho. A gente se odeia quando calçamos chuteiras. E ponto final. A graça é essa. Deixa o amor pro churrasco de domingo, pra ouvir tango, tomar vinho, viajar a Buenos Aires e eles invadirem Buzios.
Em campo, não.
Não faz sentido. Se por amor ao estilo deles, adote-o. Eles jamais torceriam por nós, entregariam o jogo pro Chile rindo e ainda fariam piada no jornal segunda-feira.
Aqui, se empatarmos e eles ficarem fora, vai ter jornalista com lágrimas nos olhos na tv.
Nós precisamos nos odiar. Torcer contra um ao outro. Viver a terça-feira de decisão com paixão, que é o motivo dessa merda toda. Ou então viramos logo liga de baisebol americana onde nego vai ao jogo do Time x com boné do time Y e os dois aplaudem o mesmo lance.
Isso é futebol. E ninguém faz isso melhor que nós, sulamericanos. Exatamente porque temos algo mais do que dinheiro em jogo. Ou, pelo menos, já tivemos.
Que se foda a Argentina.
abs,
RicaPerrone