Carnaval

Não é “justo”. É apenas coerente

Eu disse antes de começar a polêmica que a Grande Rio não cairia sob o argumento do carro ter quebrado.  E portanto, se em 2017 carros quebrados feriram pessoas e não foram rebaixados, o dela que sequer feriu alguém teria um argumento enorme pra se manter.

A verdade é que escola grande não cai. Há até um acordo velado, e obviamente a Grande rio não era parte disso quando foi feito.

Mas vimos ao longo dos anos passadas de pano memoráveis na Sapucai. Não vejo qualquer diferença entre manter a Grande Rio na canetada e manter a Vila Isabel no ano em que desfilou sem fantasias.

É a mesma coisa. Política. Só que uma escancarada, a outra sob notas.

Porque o Império Serrano ficou? Não faço idéia. Ao contrário de 2017 onde os problemas haviam sido semelhantes e usaram a mesma decisão para ambas, em 2018 ela não chega a fazer sentido. Mas pô… vamos ser honestos?  Se a Grande Rio tem o alvará pra reclamar e ficar, porque vamos rebaixar o Império que todos amam?

Ficam as duas e foda-se.

Senhores, o carnaval do Rio de Janeiro só vende ingressos em dinheiro vivo.  Todo mundo sabe quem são os organizadores dele, e ninguém na cidade é maluco de peitar nada disso.

É delicado. Mas quem frequenta sabe que não necessariamente é um problema. O bicheiro tem os problemas dele com a justiça, pois é contraventor. O que não implica nele ser ruim pra escola/comunidade.  Então você tem uma situação complicada onde por um lado não é certo, mas por outro não é problema seu.

E não sendo, você não vai ser o idiota a peitar isso. Porque qualquer moralista que diga o contrário, se morar no Rio e receber um telefonema de um bicheiro marcando um almoço, vai! Juro por Deus que vai. Porque ele pode ser moralista, hipocrita, mas não é burro.

A gente sabe quem manda. E quem tem que fazer isso funcionar legalmente é a justiça, não nós. E nós, como passageiros do bonde, só podemos jogar o jogo.  Não há nada escondido.

As escolas de “patronos” mais fortes não caem. Eles são os donos do carnaval, o Rio precisa do carnaval, a escola precisa deles e essa relação não é problema de quem está embaixo. Portanto, continuará.

Alguns dos bicheiros e milicianos envolvidos no carnaval são mais adorados pela sua gente do que santo. E a maioria deles faz muito mais pela sua comunidade do que o governo. Logo, o governo não pode peitar, a política depende de voto. A polícia nada pode fazer porque contravenção não é crime. E é assim há 100 anos.

Talvez você não saiba mas mora sob a benção de um deles. Procure saber.  Algumas coisas não passam no Jornal Nacional. Outras são só motivos idiotas criados por gente burra pra misturar tudo num só bolo.

Não, o carnaval não é um problema por ter contravenção nele. Tal qual a ponte que fizeram no seu bairro não é culpada da corrupção da obra.  Isso é argumento de gente burra.  Gente que adora cagar regra sobre um sistema que ela só ouve falar e desconhece a realidade para sugerir sair dele.

O carnaval é uma festa. O resto, pouco importa.  A LIESA faz o que suas escolas decidem. É uma LIGA, não uma dona do carnaval. E se elas são do mesmo bolo, elas votam para que seja assim, e assim será.

Talvez em 20 anos não seja. Mas hoje ainda é. E a Grande Rio apenas está usando o argumento coerente de que se valeu em 2017, vale pra ela em 2018.

O erro aconteceu em 2017. O que está acontecendo agora é o que QUALQUER um de nós, na condição da escola, faria:  “também quero ter os mesmos direitos dos outros”.

Ninguém quer um país onde precise dar um a mais pro guarda cuidar do seu boteco. Mas se você tiver um boteco, você vai procurar o guarda.

O jogo é esse. E só sabe quem joga.

A Beija Flor faz mais por Nilópolis que o governo. Se você concorda, gosta ou não… tanto faz. As coisas são como são, não como o manual de instruções do mundo escrito por gente que não sai do computador acha que deveria ser.

Eu não concordo com a decisão. Mas é tão fácil entende-la quando  não se faz esforço pra ser hipócrita…

abs,
RicaPerrone

 

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