Futebol

Não era bem isso

Quase todas as pessoas de Chapecó interpretaram mal o que eu disse sobre a Chape. As de fora, nem tanto. Até o Neto respondeu. Talvez seja passional, talvez eu tenha me expressado mal. Tanto faz. O farei de novo.

O que eu quis dizer é que a Chapecoense “ganhou” do acaso o direito de ser uma embaixadora de algo mais.  Através dela e por ela, o futebol se uniu, comoveu pessoas que nada tinham com aquilo e a elevou a um patamar que ela não chegaria pela bola: A de um time mundialmente conhecido.

Sobre ser ou não um time pequeno, acho um pouco hipócrita dizer que não. Evidente que é um time de série A, de acensão meteórica e bem feita, mas passa longe de ser um time grande. E talvez pelo campo, por não estar num grande centro financeiro e por não ter milhões de torcedores, nunca venha a ser.

O que eu sugeri não tem a ver com nada disso. Tem a ver com o fato da Chape ter passado a representar mais do que um time de Chapecó pro futebol. E no entendo ela continua agindo apenas como um time normal, como todos os demais. Não houve traço nenhum adicionado a sua postura após o acidente.

E isso é que acho um desperdício.

Já pensou se a Chape vira o time do Fair play? O time que faz ações pequenas mas que jogo a jogo relembra tudo aquilo e o quanto o futebol pode ser pacífico?  A Chape é o símbolo da tragédia e também do maior momento da historia do futebol mundial em comoção.

É o maior título que ela vai ter por décadas. Porque ele é único, raro, e eu acho que devia ser melhor explorado.

Um time gera ódio. Invariavelmente um clube que disputa campeonatos ganha seguidores e perseguidores.  A Chape conseguiu zerar isso numa noite sem querer. Mas zerou. Em horas o time que poucos conheciam fora do Brasil virou uma febre mundial. E seja por um acidente ou uma conquista, isso muda o peso.

Me refiro a marketing. Apenas a marketing.

Eu esperava uma Chapecoense símbolo a partir de 2017. E vejo nela um clube que briga pelas mesmas coisas que brigava antes. Nada errado. Apenas um desperdício. Poderia ser o clube do mundo.  Vai ser o clube de Chapecó apenas.

É pouco?

Não. Mas… eu seria mais ambicioso.

E antes que me acusem de “odiar a Chape”, “ter dito aquilo pra debochar”, etc…

Olha a foto ao lado. Fiz quando aconteceu o acidente. E desde então “torço” pra Chapecoense, como todos torcem.

Mas como alguém que trabalha com comunicação, marketing, torcedor, futebol, acho que a Chapecoense poderia ter ido além e se aceitado como uma marca mundial de paz, de união.

Ela não fez isso. É apenas a Chapecoense lutando pra não cair.

E eu lamento, porque acho que ela podia ser maior e mais importante pro futebol mundial do que ela mesma se julga. E isso poderia acontecer mesmo sendo rebaixada.  O campo, pra tal postura, é um detalhe.

Só isso.

abs,
RicaPerrone

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