Não nos ouçam mais uma vez
Existe uma grande culpada pela falta de personalidade do futebol brasileiro e, por consequência, sua perda de identidade. Chama-se: imprensa esportiva.
E se você for mais novo, pergunte ao seu pai. Em 1982, quando jogavamos o fino da bola, tratamos como “azar”. Em 1986, quando ainda jogavamos bola, trataram como “o fim do mundo”. Desde então elegemos vilões e determinamos, Copa após Copa, que se não ganharmos nada prestou e tudo precisa mudar.
O Telê Santana, veja você, era ruim. A imprensa aceitou o futebol Parreira a troco de um caneco. Eu também aceitaria se fosse uma troca simples. Mas não foi. Contestadíssimo desde sua estréia, passou a professor depois da Copa que Romário, o cara que ele não queria levar, nos deu a Copa.
Zagallo, o homem que deveria ser mais respeitado no futebol mundial após Pelé, é chacota pra essa imprensa que ama Mourinho.
E veja você: O time que perdeu 2006 não tinha raça. Queremos raça!
O de 2010 não tinha técnico. Queremos técnico!
Veio o Mano, sai o Mano. Entra o Felipão, contestado. Vence, passa a ser o incontestável. Perde. Se torna o pior treinador do mundo.
Contra o Chile, jogamos mal e perdemos. Hoje, jogamos bem melhor e vencemos.
“É a Venezuela!”. Foda-se.
Se não pudermos elogiar quando ganha, somos bem canalhas de fazer o barulho que fazemos quando perde. A seleção não tem mais os gênios que tinha antes porque, não sei se você notou, o futebol mundial não tem mais esses gênios todos.
As coisas se equilibraram pra todos. Inclusive pra nós.
Mas os mesmos que analisam friamente o equilibrio do futebol quando a Argélia quase elimina a Alemanha na Copa, tem xilique na tv quando o Brasil perde pro ótimo time do Chile.
Somos toscos. Não temos quase nada a acrescentar, só a rotular.
No caminho certo ou errado, sigam em frente. Mas por favor, não nos ouçam mais.
abs,
RicaPerrone