A frase “o bom filho à casa torna” será repetida com alguma insistência nos próximos dias caso se confirme a ida de Ronaldinho Gaúcho pro Grêmio. Será apenas mais uma demonstração do quanto o nosso futebol não tem memória, dignidade e nem postura.
Quando você fala sobre “O Grêmio”, lembre-se que não cita um clube e sim um bando de dirigentes conforme o ano em questão. Em 2011, o Grêmio acha o Ronaldinho solução. Ele, que não joga nada há anos, “precisa voltar”.
Coitadinho… ele não consegue ser feliz longe do seu clube do coração. Aquele que ele deixou sem grana, contando com sua transferência para quitar as dívidas enquanto dizia pra torcida que queria ficar, mas com o contrato já assinado no PSG.
Diz pra Globo.com que “por ele ja estaria no Grêmio”. Mas, sabemos… ele não deve mandar muito na sua vida. Afinal, um sujeito que vê o país todo discutir abertamente seu futuro, seu empresário ir todos os dias em alguma reunião que decidirá os próximos 4 anos do cara e ele não estar em nenhuma delas, de fato, é pouco interessado.
Mas é problema dele. Direito dele.
Ronaldinho é craque, e eu queria no meu time.
Desde que eu não seja gremista.
Pelo Grêmio, Ronaldinho mostrou ingratidão e falta de palavra. Brincou com a torcida, brincou com quem o inventou e deu toda condição dele ser o que é hoje. Mas, no futebol, repito, isso não existe.
Ele faz 2 gols e aqueles milhões de traídos ha 10 anos hoje gritarão o nome do rapaz.
Por isso, inclusive, jogador faz o que quer, se acha Deus e não está nem ai pra torcida, clube e o que assina. Porque assim os tratamos, logo, é o que eles acreditam.
Alguns gremistas, naturalmente animados com o craque, perdoarão tudo. Dirão, inclusive, que “não foi bem assim”. Afinal, a verdade é sempre aquela que interessa hoje.
O Grêmio merece Ronaldinho, mas a reciproca não é verdadeira.
Sua contratação é brilhante pro futebol brasileiro, pra qualquer departamento de marketing e pra qualquer campeonato que ele dispute.
Não é brilhante pelo recado que mais um clube dá aos jovens valores que vem aí: “Pode pisar! A gente aguenta.”
Camisa de clube vale muito mais do que qualquer jogador. E o Ronaldinho, famoso o quanto é, não vale o selinho da camisa do Grêmio.
Se alguém deve a alguém nesta relação (e deve muito) é o Ronaldinho ao Grêmio, não o contrário.
Este papo tosco de que “pelo coração já teria decidido”, é também meio absurdo, já que o leilão está claro, aberto e com direito a capítulos.
Não sou contra que ele ouça diversas ofertas. Pelo contrário, todo profissional ouviria.
Me preocupa que ele não ouça nenhuma, pois só o Assis vai lá discutir.
Como você passa 4 anos da sua vida num ambiente, diante de um chefe e sob condições que alguem decide por você?
Não será por isso que a vida de certos craque se torna uma zona?
Quando é que vamos parar de criar molequinhos e soltar homens pro futebol europeu?
Foi moleque, voltou igual.
Dirá que “sempre amou o Grêmio”, e todo mundo vai acreditar.
Como acreditou em 2001, quando fez juras ao clube já tendo assinado com outro escondido.
Este sujeito, craque de bola, agora volta pra ser “Rei” com a camisa que desprezou.
Esse é o nosso futebol.
E boa sorte ao Ronaldinho, se confirmada sua ida ao Grêmio.
Joga uma barbaridade. Pena que a personalidade viva de procuração.
abs,
RicaPerrone