O dia escolhido
Não tem data, “o jogo”, “o gol”, ” o herói”. Campeonato de pontos corridos é chato pra caralho por tirar do futebol suas maiores histórias que são invariavelmente atreladas a uma final.
E então o Cruzeiro, campeão em outubro, resolveu escolher uma data e fazer sua final de mentirinha. O Grêmio, dia 10/11, em casa. Perfeito!
Contra um time do G4, “confronto direto”, casa cheia, rival jogando sábado, a cidade só pra eles. Mas tinha que vencer, mesmo que isso não significasse o fim do “ainda não”.
E para ser humilde num mar de arrogância conquistada, fizeram gol de canela.
Mas o Cruzeiro 2013 é tão esnobe que quando faz de canela é de voleio. E pra que nunca mais se lembre do que fez, o centroavante cai e desmaia, apagando da memória o dia que o fantástico Cruzeiro usou a canela dos mortais para vencer.
Na sequencia lances e gols de todos os jeitos. Um baile. O fim do baile.
Parecendo parte do show, Renato Gaúcho saca Kleber aos 35 do segundo tempo e o entrega de bandeja pra torcida celeste, que joga na cara a traição a quem sempre lhe deu a mão.
Opa, essa não. É do rival.
Mas era um cenário quase cômico. O Cruzeiro queria comemorar o óbvio e um resultado o impedia. Mas não tem como, era o dia escolhido. Não haverá nova oportunidade, o sistema de pontos corridos não permite.
A taça virá apenas no teatro municipal, segunda, com todos de terno. E pra torcida? Era ontem. Não seria adiada nem mesmo pela não confirmação do título.
Sem cerimônias e ceninhas desnecessárias de humildade, o Cruzeiro deitou, rolou e festejou no fim sabendo que é o que todos sabem ser, mesmo que não possa garantir.
Mas garantem. Porque sobram diante dos rivais e, como em 2003, não jogaram pra ganhar o campeonato. Mas sim para torna-lo indiscutível.
Mera formalidade as rodadas finais. O Cruzeiro de fato só volta a campo no Marrocos, de vermelho, em dezembro. Pelo menos pro cruzeirense.
abs,
RicaPerrone