O dono da festa
Ficar de bla bla bla pra exaltar a bola que joga o Seedorf já ficou cansativo. Todo mundo sabe o quanto ele joga há pelo menos 15 anos. Não é de se espantar que o sujeito continue brilhante mesmo com alguma idade.
Idade que pesa muito menos no Brasil do que fora. Não, não, nem entra nessa pilha. O campeonato italiano é pior que o nosso. O bom da Europa é a Champions, o resto é mentira.
Ele não tá voando aqui porque somos mediocres e ele virou gênio. Ele brilhou a carreira toda, e quando o físico pesou, veio jogar onde o jogo é mais lento e ainda muito baseado na parte técnica. Natural que consiga uma extra em alto nível.
Todo jogador técnico e que jogue do meio pra frente deveria terminar a carreira no Brasil.
Seedorf nunca jogou tão solto, perto do gol. Nunca fez tantos gols e nunca foi tão decisivo. Até pelo fato dos treinadores do cara acharem que ele era volante, não um meia de criação exatamente.
Não me causa nenhuma surpresa, como disse, o quanto ele joga. Me surpreende o quanto ele veste a camisa do clube e se torna parte daquilo.
Quando saiu o Loco eu achei que ia junto aquela baixa dose de “escrotismo” que o Botafogo tinha adquirido. O carisma, a marra, um toque de segurança incomum no clube.
Veio o negão e eu nem acho que o Loco era tão líder assim.
Ele orienta, briga, protege, discute, decide quem vai pra entrevista, pede pra falar, dá chamada na torcida, cruza, cabeceia, chuta, corre…
Isso não é fruto de um dom divino. Nem de treino.
É da personalidade do cara não aceitar estar num lugar por estar. Quer vencer, ser parte, empurrar pra frente. Tenho profunda admiração por pessoas que erram e acertam mas não se omitem.
Tenho pena de quem foge da responsabilidade.
Mas Seedorf não assume sua responsabilidade apenas. Assume a dele, a do zagueiro, do treinador, do preparador físico, até do presidente se deixar.
Quando perder, vai ser o “vilão” do ambiente. Não tenha dúvida! O líder sempre carrega as glórias e também as culpas.
Mas enquanto o Botafogo for o time competitivo que tem sido, será o herói.
Os jogadores olham pra ele como quem pede um conselho. O jogo esquenta, bola nele!
Tá dificil? Bola nele!
Tá empatado? Bola nele!
E ele reclama? Porra nenhuma. Pede mais e mais. Se desloca, chama, tenta, erra, mas o tempo todo se coloca como dono do time.
Times campeões tem, quase sempre, uma referência. O Botafogo não é um cavalo paraguaio em 2013.
É candidato a título.
abs,
RicaPerrone