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O dono do ninho da bola

O Flamengo é, de novo, o campeão carioca. Eu mantenho o discurso de que campeonato estadual é uma grande porcaria.  E o que fazer com um campeonato chato e cheio de times pequenos? Passar o rodo.

Sem dó, foi o que fez o Mengão. Tá bom, exagerei. O Fla ganhou dos grandes nos pênaltis, mas ganhou. E se não conseguiu brilhar em nenhum momento, também não foi ameçado. Logo, merece o título.

Eu não vou fazer nenhum texto emocionante chamando isso de épico ou grandioso porque não é. É legal, bacana, só.  Os estaduais estão mortos, falidos, só falta enterrar. Mas deve ter alguma ong de “direitos nanicos” que impede o óbvio.

No Rio, o mais interessante dos estaduais pela rivalidade e pelo formato, ainda tem um leve gostinho. Mas, convenhamos, segue sendo estupidez contratar Ronaldinho, Thiago Neves, Renato, Deivid e cia pra passar 4 meses pegando o Olária.

Todo rubro-negro hoje comemora. É dia de tirar sarro dos rivais, afinal, campeão invicto, batendo o Vasco, com o Flu como vice e na casa do Botafogo é um prato cheio.

Eu, daqui, comemoro outra coisa. Um indício interessantíssimo de que o futebol brasileiro começa a repensar alguns valores.

O Flamengo, ontem, vestindo a camisa de qualquer clube outro clube, seria endeusado e ponto final. Ganhou, tá ótimo. Invicto, perfeito!

No Rio, ninho do futebol brasileiro, aquele aberto, bem jogado e que o mundo admira, a coisa mudou um pouco. Talvez ali, onde tudo começou, as coisas possam voltar ao eixo.

O campeão invicto é contestável pela mídia e pela sua torcida. Não o título, jamais! Mas o futebol apresentado. Ontem, ao final do jogo, entre a euforia e a gozação, era bem comum ouvir “mas joga mal… não dá”.

A preocupação com o “resultado” acabou naquele pênalti. Mas com o futebol não. E há quanto tempo eu imploro por isso neste blog?  Que se enxergue o jogo, não apenas o placar. Que se peça futebol, pois foi por isso que você pagou.

Ontem a torcida do Flamengo me deixou muito feliz.  Rodei a web e não escrevi nada. Só li, liguei o rádio, ouvia comentários, críticas e elogios.

Sentado aqui na minha mesa eu sorria com cada “porém” colocado pelo torcedor na própria conquista. Porque isso não é ser “corneteiro”, mas sim um bom amante do futebol.

O Flamengo não convenceu ainda em 2011. Campeão, invicto, sem perder ha 5 meses, eu e você sabemos que a enorme maioria das torcidas do país estaria cega. Ontem achei que a do Flamengo também passaria a ficar, e pra minha surpresa, não ficou.

As criticas, mais ponderadas pelo resultado, continuaram.  Como quem diz: “Ok, o resultado está otimo. Mas e o futebol?”.

E isso, pra quem me conhece e lê este blog há algum tempo, é um verdadeiro banho na alma deste blogueiro.

Parabéns ao Flamengo, parabéns aos jogadores, ao técnico, a diretoria. Queiram ou não, o “bagunçado” Flamengo é campeão da Copinha, da Guanabara, da Taça Rio e do Carioca. O que jogou, levou. E isso, em outros cantos, seria incontestável.

E é. Não se contesta resultados. Mas se cobra futebol.

E o Flamengo sabe, através de sua torcida, seus jogadores e comissão técnica, que ainda deve um pouco disso.

O que pra muitos é preocupante, mas que pra mim é um sintoma brilhante.

Vencer, vencer, vencer!

Mas, sempre, acima de tudo, ser Flamengo até morrer.

E ser Flamengo é ser enorme. E ser enorme é buscar “algo mais” mesmo quando a barriga está cheia.

abs,
RicaPerrone

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