Todo sãopaulino me pergunta: “Porque o Richarlyson não sai do time?”. Eu mesmo as vezes me pergunto, confesso. Ele é um lateral comum, um zagueiro fraco, um volante esforçado e um meia sem brilho. Mas em qualquer posição, seja contra quem for, lá está ele. O titular mais absoluto do Tricolor nos últimos anos não convence a torcida, só os treinadores.
É claro que todos os técnicos que passaram pelo SPFC não são burros. Se ele joga, há um motivo.
E a explicação é mais simples do que se imagina. Ele não é melhor que o Diogo, que o Carletto, que o Xandão, que o Jorge Wagner e nem que o Casemiro. Mas ganha a posição de todos eles simplesmente por fazer todas elas, em tese.
Digo “em tese” porque não concordo muito em ter um polivalente limitado ao invés de um bom jogador fixo em casa posição. No futebol moderno, aquele onde se corre mais do que joga, vale e muito o preparo físico do rapaz.
Um dia perguntei ao Richarlyson no CT porque o futebol dele havia caido de produção. Ele me respondeu que não havia caido, mas sim mudado. Que a partir do momento em que ele foi convocado, ele tinha que jogar mais e melhor. Não podia ser “apenas” o feijão com arroz.
Curioso é que a única coisa que o destaca é o feijão com arroz. Ao mudar isso, se torna um jogador altamente contestável.
Com ele em campo o SPFC tem 4 formações sem mexer nas peças. E isso é um prato cheio pra treinador, principalmente os “pardais” que passaram pelo SPFC nos últimos anos. Com Diogo, você não forma 3 zagueiros. Com Carletto você não abre espaço pra uma linha de 4 na frente da zaga, coisa que treinador adora inventar quando está ganhando o jogo.
Vou usar a formação mais convencional, sem considerar a tática suicida do último domingo. Normalmente o SPFC joga com 2 volantes e 2 “meias” nas últimas rodadas. O Jorge Wagner vinha sendo titular, e mesmo perdendo a posição, perdeu pra alguém que entrou num setor parecido, com característica diferente: Fernandinho.
Note que acima está tudo dentro da normalidade. Tirando o fato do lateral esquerdo não saber cruzar, é um time formado num 442 simples. Abaixo, começa a explicação do porque Richarlyson é sempre titular.
Sem alterar nenhuma peça, o SPFC passou a ter 3 zagueiros e formou uma linha de 4 na frente da zaga, abrindo um meia pra ponta e formando um triangulo na frente. É uma alteração considerável, ainda mais sem mexer no banco.
Nesta terceira formação acima, ele vira volante. Jorge Wagner (quando titular) vira lateral e o SPFC forma uma linha com 3 volantes, ideal para brecar times que jogam no 451, como o Inter veio ao Morumbi, como o Flu vinha fazendo sem Emerson e Rodriguinho.
E neste último caso, com uma alteração no time, você nota uma linha de 4 volantes a frente dos 3 zagueiros. Saiu o Jorge, entrou Renato Silva. O time fica fortíssimo na defesa, retoma a bola no meio com facilidade e tem 3 peças no contra-ataque.
Pode mudar pra Fernandão, Marlos, tanto faz. O Richarlyson muda e é relevante no sistema de DEFESA do SPFC, não no de ataque. Sua velocidade e vitalidade garantem ao técnico a possibilidade de mudar um time com um grito, o que é sempre interessante.
Concordo? Não. No meu ele não joga. Mas, entendo a cabeça dos treinadores que podem ver 4 times sem mexer uma peça. É, de fato, justificavel sob o ponto de vista tático a sua escalação.
Mas que eu prefiro um lateral que jogue mais do que corra, isso é fato.
Ele está suspenso, de novo. É o quinto jogo que cumpre suspensão no Brasileirão. Mas não se empolguem, tricolores… ele volta.
Como volante, lateral, meia ou até goleiro, ele volta.