Nos deixou hoje Adílio. Um dos mais emblemáticos jogadores da história do Flamengo por ser, na maior parte do tempo, a base de apoio para que Zico pudesse brilhar.

Adílio era um “oito” que jogava como “dez” pro Zico poder ser o “nove” quando encontrava espaço. Adílio era um dos talentos ofuscados pelo brilhantismo do maior jogador que vi jogar na vida. Mas referência do futebol brasileiro, e portanto mundial à época, ao lado de Andrade.

Eles faziam na década de 80 o que hoje chamaríamos de meias. Na época, volantes. Ele seria um “segundo volante”, aquele que saia muito mais. E tudo isso é reforçado por dezenas de vídeos e jogos antigos que assisto, porque na época minha recordação é de um jogador do Flamengo no time de botão que tinha uma manchinha.

Eu marquei aquele jogador como sendo o Adílio.

O conheci num show no Rio de Janeiro há pouco tempo. Pelo menos tive alguns segundos pra dizer “você foi genial”.

E o genial naquela época não era da seleção, porque tinhamos muitos. Mas não estamos falando do discutível. Hoje Adílio seria titular de qualquer seleção do mundo. Sua função de preencher tanto a marcação como a armação do time ha 40 anos se tornou os meias de hoje em dia.

Não há mais Zicos. Sobram Adílios. E sobram Adílios porque não há mais Zicos.

Mas não saberíamos viver hoje sem Adílios. Exatamente porque não há mais Zicos. O que faz sua função no inacreditável Flamengo campeão do mundo ainda mais importante.

Talvez quando ler isso você será impactado pela idéia de que ele era um coadjuvante do Galo. Mas era como Pita, como Palhinha, como tantos outros craques. Fundamental, mas que parte da sua genialidade era entender que havia um ainda melhor ao seu lado.

Quantas vezes o Flamengo partiu pro ataque pelo meio com Adílio rolando pro Zico continuar o lance ou ele mesmo dando o passe mágico final. E quantas vezes vamos ver isso novamente? Ao que tudo indica, nenhuma.

Vá em paz, craque. Mais um dos nossos heróis que na falta de vagas na Liga da Justiça acabaram tendo menos do que mereciam. Não por má vontade, pelo contrário, mas por humildade de ser “o melhor oito” que o “dez” poderia ter tido.

RicaPerrone