O que ninguém fala
Beirando virar o Papa dos treinadores do Brasil em 3 meses, Jesus tem números assustadores, um futebol bonito de se ver e competente até mesmo desfalcado.
As vitórias não param, os elogios idem. Mas os “porques” me parecem ainda um tanto quanto rasos nessa discussão.
Jesus tem diversos fatores que o diferenciam. Vamos a alguns deles.
É um tecnico europeu que por natureza precisa quase sempre tirar mais do coletivo do que do individual. Somado o individual a este coletivo mais forte que o sulamericano, dá o que estamos vendo. Mas porque funcionou tão rápido?
Porque o método Jesus de comando seria pouco aceito em qualquer clube brasileiro. Com um porém.
Ele pegou um time com 7 titulares que já aturam na Europa. O processo de adaptação natural praticamente não existiu.
Outro fator pouco falado e que é mérito dele é a simplicidade. O time dele não tem nenhuma configuração tática nova, pelo contrário. É o único time do Brasil que ousou sair do insuportável padrão de 2 abertos, 1 centroavante na frente.
Jesus joga no 442. Simples assim.
Só que seus “volantes” jogam futebol. Seus meias jogam abertos. E lá na frente ele não tem um cara encaixotado entre zagueiros, mas sim dois pra abrir espaços.
Coragem de se expor e propor o jogo. Coragem que obviamente só funciona por ter de fato um material muito melhor que o dos outros. Com Renê e Pará, garanto, ele não jogaria com Arão e Gerson.
O problema é que 90% dos treinadores brasileiros se tivessem os laterais que ele tem fariam deles pontas e viveriam de cruzamentos.
Os dele mal vão a linha de fundo. Futebol simples. Prioridades. Intensidade.
Não poupa jogador, o que será julgado nas próximas semanas. Eu acho exagero, tem que poupar e priorizar nesse calendário estúpido que temos. Ele ganhara os jogos do Brasileirão da mesma forma sem 3 titulares, por exemplo.
Já os da Libertadores, sem 2, não é bem assim.
Enfim. Jesus é o “novo” que joga como jogávamos antes dessa onda de imitar o Barcelona. Mas é inteligente o suficiente pra unir a intensidade de jogo coletivo deles com o individual nosso. E aí, amigo…
Futebol é simples, a gente é que complica.
RicaPerrone