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“O que se espera dele”

Assisti atentamente alguns programas de TV nos últimos 3 dias em virtude de uma merda de pneumonia que arrumei. Fazia tempo que não fazia isso. Me arrependi, óbvio.  Mas algo me chamou atenção.

De dia tinha um pessoal comparando Messi, Cristiano e Neymar, algo que toda vez que não há assunto pra mesa é convocado com urgência. Um dizia que  era “messista”. Fiquei com pena, mas deixa ele.  A outra fez um discurso sobre o que ela “cobra do Neymar”, porque “espera dele ser um ídolo assim assim, assado “.

A noite, Bem Amigos. Mais horas de debate sobre como ele deve ser. Que tipo de pessoa ele precisa ser, onde ele erra por não ser a pessoa que o comentarista de futebol (??)  gostaria que ele fosse.

E eu fico imaginando que mania de grandeza tem o jornalista que acha que os maiores ícones do mundo no que fazem devem ser “a pessoa que eles esperam que ele  seja”.

E outra: quem é que vocês querem que ele seja? O Messi, porque vocês acham fofo alguém que nunca acha nada sobre nada?

O Kaká? A Sandy? Ou ele pode ser o Neymar sem que isso seja “um defeito” pra vocês?

“Ah ele revida”.  Pois é.  Que bom, né? Um frouxo a menos pra fazer nosso time passar vergonha.  Porque quando a crise estoura no seu time, jornalista, tu vira fora do ar e fala “falta bandido nessa porra!”.  Né? Não. Aí não. Microfone no ar, outro ser humano.

Ele no campo é o ser humano que erra. Mais acerta do que erra. Mas veja que absurdo, Neymar sai com amigos, peita o companheiro de equipe, tem opinião, faz alguns desafetos e não é o novo Kaká.

Porque ele deveria? Porque os jornalistas (também conhecidos como Jeová, Jesus, Alá, entre outros) acham que ele deveria ser de tal forma. Não como ele de fato é.

Porque é tão difícil aceitar que quanto mais enlatados nossos ídolos, mais idiotas a sociedade se torna?  Precisamos de gente de verdade, que erra, pede desculpas, exagera, tem dor de barriga, defeitos e caractetísticas únicas.

 

Se Neymar fizesse “o que se espera”, jamais teria dado um drible num zagueiro.  É por fazer o que você, mortal, não espera, que ele é ele, você é você.

Não há nada mais humilhante do que ser sommelier de genio.

abs,

RicaPerrone

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