Não faltam zagueiros, volantes, laterais e atacantes. O técnico já mudou diversas vezes desde Autuori, os salários não atrasam, a estrutura é fantástica. O que falta pro SPFC voltar a ser brilhante?
Aí você pode dizer: “Mas foi tricampeão!”. Sim, e nenhum dos 3 com um futebol brilhante. Sempre, desde 2006, com uma postura altamente competitiva e ponto final. Porque, afinal, o SPFC se tornou um time que só enxerga 3 pontos a sua frente?
As coisas andam meio confusas no Tricolor. Sua torcida, chata por natureza, não cobra mais futebol. Virou um time de raça, um time brigador, um time que volta do inferno e ainda se diz vivo, como o tal personagem inventado pela pequena cabeça de Muzambinho.
Era o time do show de bola, da técnica, dos bailes, do futebol fino. Virou o time que busca os 3 pontos sem pensar mais em nada.
O São Paulo tem que buscar vencer, é óbvio e natural. A questão não é essa.
A questão é a dificuldade em encontrar um meio termo entre o resultado e o prazer de jogar bola.
Até 2005, havia. No começo de 2006, idem. Da metade daquele ano pra frente o São Paulo virou uma máquina burocratica de fazer 3 pontos.
Torcedor mais novo adora, é normal. Ficou anos sem ganhar nada, agora quer revidar as gozações todas. Mas o mais velho sente falta.
Vencer é importante mas marcar época também é. O campeão de 2008, por exemplo, nem os sãopaulinos vão escalar daqui 10 anos.
Simplesmente porque era um time que jogava um futebol muito feio. Venceu, marcou na lista de títulos, mas não marcou o sãopaulino.
E a história se repete. É estranho.
Troca o técnico, troca o time, a filosofia do gol de contra-ataque, da dificuldade em agredir o adversário em casa e a falta de brilhantismo continua.
Note que você pode ser altamente competente sem ser brilhante. Competente é aquele que faz o que se espera dele. Brilhante é aquele que faz mais do que isso.
Convenhamos, o São Paulo é um clube brilhante, não apenas competente.
Hoje alguns tricolores sentem falta de 3 pontinhos pra colocá-lo na liderança.
Eu sinto falta de um conjunto que me faça sorrir vendo o jogo, não roer unhas.
Não sei se o que falta é tesão, se a cobrança ficou pesada demais pelos títulos conquistados e, portanto, agora é vencer ou vencer.
Não sei de onde veio essa idéia de que é preciso jogadores altos e fortes no São Paulo.
Sei que a torcida engoliu, gostou, trocou pelos canecos de pontos corridos sem brilho. Uma vez, tudo bem. Duas, vá lá.
Três, virou rotina. Desde então, acabou o brilho, ficou apenas a competitividade.
Mas futebol não é uma obrigação. Pro torcedor futebol é um sonho, um delírio.
Logo, se sonha com algo grandioso, não necessariamente o “esperado”.
Se há um clube no Brasil que nunca fez apenas o que lhe cabia, este clube é o São Paulo.
Hoje, faz o que lhe cabe e ponto final.
É competitivo, estruturado, paga em dia e pronto.
Um título brilhante não precisa vir com um show de malabarismo em campo. Precisa vir acompanhado da alegria de jogar futebol.
Em 2005, campeão da Libertadores, o time não dava show, mas era brilhante.
Desde então, diversos bons times se passaram, nenhum deles teve metade do brilho daquele de 2005.
Clubes tem características. A principal do SPFC sempre foi o passo a frente, o “algo mais”.
Se eles sumirem, deixa de ser o tão aclamado “soberano” pra ser mais um grande clube brasileiro.
O que, pro São Paulo, convenhamos, é pouco.
abs,
RicaPerrone