O Botafogo levou o São Paulo a sério por cerca de 60 minutos. Enquanto o fez, teve controle da partida, chance clara de fazer 3×0 e, não fosse um erro do bandeira, num ataque onde 3 jogadores sairiam de cara com o Ceni, poderia ser ainda pior.
Não que o São Paulo jogasse uma de suas piores partidas. Mas o Botafogo fazia uma de suas melhores. Até que numa sequência imponderável… tudo mudou.
E é injusto colocar na conta do técnico do Botafogo a “não confirmação” da vitória. Pois quem não confirmou foi o erro do Abreu, o lance do bandeira e a falha do Renan.
Acontece? Acontece.
Só não pode transformar isso naquela mania de “é sempre assim” do Botafogo. Do outro lado havia um time grande que, quando convidado a bailar, bailou.
Ele não ia se levantar. Quem convidou pro baile foi o Fogão, abrindo espaços, parando de agredir e deixando claro em cada lance que estava apavorado com a possibilidade de tomar o empate.
Como quase sempre nestes casos, tomou.
Não porque o São Paulo seja mehor que o Botafogo, nem porque tenha feito um segundo tempo maravilhoso. Mas porque a pane do Fogão fez com que Adilson, o fraco treinador do São Paulo, notasse seus próprios erros durante o jogo.
Ele não tem homem de área porque não quer. E não notou que o Rivaldo no meio é um peso morto, mas quando na área, ganha função. Ou seja, lá está um homem de frente pra ser sua referência até que o Luis voltasse. Mas não. ele insistiu em jogar com 4 volantes e adiantar o Lucas, vivendo de lances individuais e contra-ataques.
Se fosse menos teimoso, teria 2 volantes, o Lucas recuado e alguém fixo com o Dagoberto. Assim, quando Luis Fabiano voltasse, não precisaria mudar tudo no time pra isso. E agora tera.
O grande jogo de ontem é sintomático pra ambos. O São Paulo precisa entender que a postura de time pequeno de quem se defende e acha um contra-ataque não lhe cabe mais.
E o Botafogo precisa achar uma forma da desconfiança tradicional de sua torcida não lhe torne tão vulnerável. Empates como os de ontem, onde o jogo se desenhava pra uma goleada, são comuns ao Fogão.
E isso não é tático, nem técnico, nem físico. É aquela mania do Botafogo de não confiar nele mesmo. Do torcedor olhar sempre desconfiado, achando que aquela campanha é boa demais pra ser verdade.
Você questiona um torcedor do Fogão sobre o título e ouve da maioria deles que é preciso cautela, porque no fim sempre perde.
E com essa mentalidade, perde mesmo.
Falta ao Botafogo personalidade de campeão.
Entendo os motivos dela ter se afastado. São anos de espera, faz parte. Mas ajudaria muito se nas arquibancadas e nas outras 10 posições do time o Bota tivesse também a personalidade de Loco Abreu.
Vencer requer confiança e postura de vencedor. Ontem faltou exatamente isso ao Botafogo.
Sorte do São Paulo que, convidado a empatar, o fez.
E note que, com futebol mediocre até aqui, o Tricolor luta pelo título exatamente por ter de sobra o que falta ao Fogão….
Futebol também se joga com a cabeça. Nem sempre cabeceando a bola.
abs,
RicaPerrone