Sem bola

Quando éramos homens

Por algum motivo ontem passei horas conversando e refletindo sobre o que aconteceu com o Nego do Borel. Lembrei de quando, em menor proporção, aconteceu comigo quando o covarde deputado Jean Willys compartilhou uma mentira a meu respeito sem apurar fazendo com que minha vida virasse um inferno por 4 dias em 2011.

Aprendi naquela semana que o massacre é burro, covarde e que ao invés de reflexão gera divisão e mais problemas.  Os “evoluídos” seres da internet não são capazes de entender e nem de reagir educando. Mas ainda assim se acham no direito de destruir alguém por um erro.

Aprendi também ao longo da vida que existem dois tipos de pessoas:

Uma que olha alguém acima e busca atingir o mesmo patamar.

Outra que olha alguém acima e tenta derruba-lo para poder estar no mesmo patamar dela.

As pessoas que fazem isso na internet são quase invariavelmente o segundo caso. Mas hoje enquanto navegava pelo youtube tive a sorte de cair numa sequencia de videos sobre a década de 90 mostrando lutas, polêmicas e reações de Mike Tyson.

Talvez você não saiba, mas o Boxe já foi um esporte muito mais popular e importante do que o MMA chegou a ser em seu melhor momento. E neste cenário Mike Tyson foi o mais midiático, inacreditável, polêmico e avassalador lutador que o mundo já viu.

Hoje ele encerraria sua carreira em um mês, porque a internet faria dele satanás.  Não havia internet, e então ele pode ter sua carreira controversa, incrível e didática em “paz”.

Um dia ele mordeu a orelha de um adversário. O também notável Evander Holyfield. Os anos foram passando e como ele foi criticado mas não demonizado e destruido para toda a eternidade pelos virtuais julgadores, ele pode proporcionar uma lição a milhões de fãs o que hoje em dia é impensável.

Foi a um programa de tv e disse que foi hipócrita quando pediu desculpas. Que fez porque sua equipe de marketing pediu muito. Mas que naquele momento ele gostaria de ter uma nova chance de encontrar Evander, apertar sua mão e lhe dizer algo que de fato sente e não o que mandaram ele dizer pra acalmar a mídia.

Eles foram ao programa juntos, já aposentados, e Mike Tyson apertou sua mão e disse aos seus fãs que por tabela “odiavam” Holyfield, que tratava-se de um bom homem. Se desculpou, contou a história dos dois e então os fãs de ambos puderam passar a gostar dos dois.  Algo que obviamente sempre quiseram enrustidamente, já que me refiro a dois monstros em seu esporte.

Hoje Tyson e Evander teriam criado duas gangues virtuais de imbecis. Mike, como eu disse, não teria sido lutador porque no primeiro erro de quem teve uma criação absurda e portanto valores confusos, seria massacrado e perderia todos os seus patrocinadores. Marcas que um dia apostavam em pessoas hoje só investem em imbecis que não acham nada sobre nada e portanto não erram  nunca.

Covardes como nós na internet, as empresas preferem patrocinar um mau cantor gay do que um talentoso não engajado em nada.

Tyson e Holyfield protagonizaram uma das mais surreais discussões, rivalidade e lições da minha geração. Errando, corrigindo, evoluindo, amadurecendo e seguindo. Porque éramos muito mais tolos do que somos hoje, naturalmente. Mas éramos menos covardes.

Em bando o ser humano sempre foi “corajoso”.  A internet é o bando mais fácil do mundo, pois se você quiser juntar pessoas que gostam de sexo em cemitério vestindo lilás com anões, você vai encontrar.

Quando éramos “homens” tinhamos que falar na cara, bancar a consequência, reconhecer os erros, pedir desculpas sem ser protocolar ou obrigatório.

Agora somos um bando. E portanto, covardes.

Ou você duvida que uma feminista qualquer consegue juntar uma turma e fazer do título deste texto um problema, o autor um monstro e o massacre uma arma de educação contra a intolerância?

Nunca vi covardia ser sinal de evolução. E se for, prefiro voltar às cavernas.

RicaPerrone

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