Quase injustos
Por alguns segundos a mais do que o anunciado desconto toda uma avaliação de meses foi por terra. O Inter que não convencia ninguém, o maior pipoqueiro dos pontos corridos, o eterno “agora vai” do Brasileirão se torna guerreiro, épico e transforma melancolia em história.
Era uns 48 já. Não havia um só colorado que não considerasse Abel um asno, Wellington um equívoco e Paulão um grosso. Esse time “sem alma” já era um enredo anunciado para o pós jogo quando uma entidade não identificada baixou em campo.
Aranguiz recua uma bola que qualquer um teria queimado no gol ou jogado na área. Como que cativando ainda mais a ira do torcedor, ela volta ao meio campo e Paulão, o zagueiro, arrisca o último lançamento do ano. Ela desvia levemente no volante do Figueirense para que caia exatamente na frente de Wellington Silva, o equívoco.
Ele ganha no corpo, empurra pra baixo do goleiro e o Inter entra na segunda fase da Libertadores da mesma forma que entrou na zona de classificação: na base do Deus me livre.
E naquele momento fica claro que Abel é gênio, que o grupo é uma família, que Wellington tem futuro, Paulão é um Gamarra sem grife e que o Inter é uma máquina de buscar resultados improváveis. Que são guerreiros, eternos, dignos, merecedores.
E que não sabemos nada sobre futebol. Além do fato dele ser, disparado, a melhor invenção do ser humano.
abs,
RicaPerrrone