Alô hipocritas da bola, alô geração playstation, alô comentaristas de almanaque! Felizes e surpresos com o jogo na Vila? Pois é, eu também.
Não porque eu duvidava que ele pudesse acontecer ou porque não sabia que futebol podia ser assim. Ao contrário, é disso que falo quando resmungo das retranquinhas por ai. Mas surpreso estou por ver tanta gente que exalta o zero a zero jogando confete pro jogão de quarta-feira.
“Viva o futebol!”, “Que lindo!”, “Ah se todo jogo fosse assim”, diziam os azedos com leves surtos de apaixonados pela bola, que são, mesmo que neguem.
Porque, então, não temos mais Santos x Flamengo por aqui? Porque tinhamos tantos e hoje não temos quase nenhum?
Claro, você vai dizer: “Mas nem todo jogo tem Neymar e Ronaldinho!”. É claro que não, eu sei. Mas também não é todo jogo que um técnico retranqueiro e exaltado por isso mete um time com 2 volantes que jogam bola, 2 meias, 2 atacantes. Ou é?
É todo jogo que do outro lado de um timaço tem um técnico que mete o time pra cima do Santos na Vila e que não recua mesmo com uma goleada iminente a sua frente?
Não, não é.
E sabe porque não? Porque quando eles fazem e perdem nós, jornalistas, metemos o pau na derrota e caçamos culpados. Assim, como sempre, os caras recuam porque elogiamos apenas o 1×0, nunca a ousadia, a tentativa ou o grande jogo.
A geração “quem falhou?” venceu a “que golaço!”.
Mais do que exaltar o jogo de quarta, cabe reflexão.
É isso que gostamos? Então vamos pedir mais!
Não vejo santistas bravos, revoltados. Apenas tristes.
Porque perderam como gigantes, não como covardes. E isso era o futebol.
Seu time perdia você ficava triste. Hoje, quando derrotado, você fica louco de raiva.
Você sentiria ódio e vontade de “quebrar tudo” se seu time perdesse tentando e buscando como os dois na quarta-feira?
Jamais, aposto.
Então porque, meu Deus, exaltamos tanto a “porcaria”? Porque não aplaudir a ousadia e sim a retranca?
O que há de ruim em dizer, de fato, que os títulos do Muricy são conquistados, quase todos, com ausência cronica de futebol bem jogado? Porque não citar que muitas vezes o time que perde jogou e buscou mais? Que o resultado é do jogo, o futebol nunca foi e nem será “justo”?
O que nos credencia a ter mais voz que o torcedor se ao invés de ponderarmos entre o que vimos e o que sente o torcedor meramente lemos resultados na segunda-feira?
Futebol foi jogado na Vila.
Sem Ronaldinho e Neymar, óbvio que cairia a qualidade do espetáculo. Mas não teria mudado o fato dos dois times terem entrado em campo pra GANHAR o jogo, fazer mais gols que o adversário e não meramente evitar os gols do rival.
Se gostamos, porque menosprezamos?
Aplausos ao Vasco, que foi pra cima ontem e a bola não entrou. Criticas ao Bahia, mediocre, sem atacar e jogando como um nanico. Mas não! É “proibido” criticar quem consegue um resultado aceitavel, mesmo que ele seja fruto da covardia ou da sorte.
É assim que é. O resultado não precisa de analise, o almanaque não sugere “comentaristas” pra ponderar nada.
Aplaudimos o que não gostamos, crucificamos o que adoramos e nos fazemos de “surpresos” quando acontece.
Que diabos queremos, afinal?
Perder, ganhar e empatar é do jogo. Não jogar ou não buscar o jogo é covardia.
Aplaudir e exaltar isso é tão mediocre quanto.
abs,
RicaPerrone