Grêmio

Querido neto;

Eu não sei se você existirá, mas como tenho a mesma dúvida sobre se estarei vivo amanhã, vou garantir essa conversa para que eu não seja um avô ausente mesmo se fisicamente acontecer.

Guri, tu não sabe o que é futebol…  Desculpa, é que todo mundo sonha em dizer essa frase pro neto.

Mas basicamente, se eu já vi a queda técnica brutal do futebol, imagino o que estarás vendo em 2050 e achando graça.  Vou te contar de um time que o vovô viu jogar.

Ninguém dava nada. Só tinha refugo, uns moleques da base que ninguém conhecia e nem os ídolos do time deram jeito. Roger, Felipão…  Sim, o do 7×1. Mas ele era foda, moleque.  Um dos maiores que o futebol já teve.

E se nem ele deu jeito, aquele time não tinha muita perspectiva.  Pra piorar eles trocaram de estádio. Na época não era como no seu tempo onde o estádio provavelmente é móvel e os clássicos são disputados dentro do cinemark com torcida única.  Era em estádio mesmo.

Aí, fizeram outro. Lindo! Mas era meio frio e tal.

Ninguém achava que a curto prazo aquilo podia dar certo.

Moleque…. eles tiveram a cara de pau de chamar o Renato Gaucho.  Vou te contar sobre esse sujeito.

Imagine um cara que não fazia questão de parecer sério num mundo onde só valiam algo quem parecia ser alguma coisa? Imagine um cara que adorava mulheres, vivia na praia e por isso tinha imagem de vagabundo. Não porque ele era, mas porque ele dava certo sendo tudo ao contrário do que pregavam os intelectuais da televisão analistas táticos que hoje vocês devem chamar de “coach fan tatic” na sua época.

Enfim. O cara chegou lá e o time começou a ganhar tudo, jogar uma barbaridade e golear geral. Foi Libertadores, Copa do Brasil, Recopa, Gaúchão, e tudo isso jogando bem demais,

Tinha um tal de Geromel. Moleque…. ele era intransponível!!  Um goleiro da casa que fazia milagres e o tal de Luan. O pequeno Renato. Meio doidinho, sem muitos limites, mas adorava um jogo importante pra decidir.

Aí teve Arthur, Maicon, Everton, Pedro Rocha, um monte de gente. Entrava e saia jogador, eles jogavam demais. Nada mudava. Nem parecia o Grêmio do sufoco jogando feio. Era espetacular quase.

E isso numa época onde só tinha 3 craques no mundo hein? Não era na minha época que tinha 10 só no Brasil. Menos ainda na sua que o maior ídolo do futebol joga FIFA ao vivo na ESPN.

Ah, moleque. Eu queria que você tivesse visto.  Frase de avô:  “Aquilo que era time!”.

Enfim.  Se eu não te contar ao vivo, lê isso aqui e imagina o vô contando, tá?

Espero que você não torça pra um time europeu e acredite que a graça do futebol está em frente a tv.  Se caso ainda existir jogo com presença de público e estádios, vá a um deles por mim.  E se for contra um time argentino, faça gestos obscenos na divisa das torcidas.

Não sabe o que é obsceno né? Tá. Esquece…

abs,
RicaPerrone

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo