Reconhecimento e megalomania
O Flamengo é movido a sua grandeza e especialmente ao seu complexo de grandeza. Dali de onde nada se espera, eles sempre esperam tudo. E de onde muito se espera, sai nada.
O time de 2016 começou o campeonato taxado pelos mesmos torcedores que hoje lamentam a “perda” do título como fraco. Se tornou razoável, foi virando timaço e terminou o ano “perdendo pra ele mesmo”. Ora, rubro-negro, eu sei que as 21h de domingo, cabeça quente após o empate, nada vai te convencer. Mas quem sabe amanhã?
O Flamengo está onde está porque jogou acima do que poderia se esperar dele, e não “perdeu o título” porque vacilou. O Palmeiras foi quem ganhou, não o Flamengo que perdeu.
O time jogou uma temporada turbulenta, sem casa, viajando o triplo dos outros, trocando de treinador e conseguiu Libertadores, brigando por título até a rodada 36. Não é possível que isso seja ruim.
“Ah mas jogou 5 campeonatos e perdeu os 5”. E amigo, desde quando no Brasil time é campeão todo ano? Se ganha o carioca, não vale nada. Se não ganha, entra pra lista de “títulos perdidos”. Esse abismo entre a realidade do Flamengo e a megalomania da sua torcida é o que faz dele diferente.
Eu gosto. Acho divertido, prefiro e me encanta muito mais o Flamengo que empata com o Coxa e ganha uma Copa do Brasil sem explicação do que esse regular “a là Cruzeiro” de 2016. Mas respeito, porque infelizmente o futebol caminha pra essa homeopatia.
O que não posso me permitir é cair na pilha da desilusão do torcedor causada por ele mesmo. O Flamengo que o torcedor idealizou durante o campeonato não existe. É um time com limitações, com um técnico novato, sem uma estrutura ideal e neste ano ainda sem casa.
Quando perdeu pro Palestino o time já estava morto fisicamente. De lá pra ca “vacilou”. Não! Na verdade ele chegou aqui se superando, e não sobrando. Não tinha mais. Foram no limite.
Amanhã, mais calmos, vocês verão que o Flamengo termina o ano em paz como há muito não terminava. Que tem time base pro ano seguinte, tudo em dia, perspectiva de receita ainda maior e mantendo comissão e diretoria de futebol, um rumo em andamento e não sendo desenhado.
O Flamengo de 2016 não é “Flamengo” como os anteriores. Mas essa diretoria prometeu um Flamengo novo. E isso significa também um time mais “regular” do que brilhante. E isso o time foi no campeonato.
Abs,
RicaPerrone