Lá se vão 5 anos do título da Libertadores de 2005, auge do SPFC nos últimos 18 anos. Foram 3 meses especiais, que vieram após um Paulistão bom, mas ainda em formação, e antes de um Brasileirão “largado”, em virtude do Mundial.
Aquele time foi o último momento de encantamento do clube perante sua torcida, pois desde então não houve “esquadrão”, nem um time memorável, apesar dos títulos nacionais.
Ali, muitos apostaram ser a união de muito talento. Eu nunca concordei muito com isso, e hoje encontro motivos para discordar mais ainda. Havia talento, bastante. Mas o primordial foi o equilibrio e “o cara”.
Até a chegada de Amoroso, o time era bom, mas pouco confiável ainda. Grafite seria o titular, o que não deixava, na época, ninguém animado, pois ele era questionado por todos.
Os anos passam e se buscarmos explicações, não encontramos tão facilmente.
Onde está Edcarlos? Alex Bruno? Fabão?
O que fez Mineiro após o SPFC?
Junior, Luizão e Amoroso nunca mais conseguiram jogar bola. Sequer 50% do que jogaram lá.
Cicinho, de grande lateral do país, foi a Europa e voltou sem ter conseguido se firmar em lugar algum.
Danilo, que foi ao Japão e chegou a ir pra reserva lá, hoje joga no Corinthians e não conseguiu, ainda, se firmar.
Daquele time, Rogério Ceni, Lugano, Josué e só. O restante despencou.
Autuori também nunca mais encaixou um grande trabalho na sua vida. E isso deixa mais e mais argumentos para se imaginar que o segredo do futebol está no equilibrio, no “desequilibrio” de um ou outro jogador, e numa condição mental forte.
Ou alguém acha que Vitor, Ronaldão, Ronaldo Luis, André Luis, Doriva, Dinho. Pintado, Adilson e outros eram craques?
Campeões se formam através de um equilibrio na defesa, alguns bons jogadores e um ou dois “fora de série”. Sempre foi assim, tirando os pontos corridos, onde não é muito necessário nada alem de um Reffis e um banco igual os titulares.
Aquele time encantava porque tinha um jogador fora de série chamado Amoroso. Que jogou 4 partidas, é verdade. As 4 que precisava.
Tinha um goleiro capitão motivadíssimo e cheio de garra. Uma zaga com vontade, um meio-campo dedicado, sem grande brilho.
Um centroavante sem medo de cara feia, que não pipoca em jogo dificil. E um treinador de alto nível quando tem um elenco responsavel e sem picuinhas.
Todos os grandes campeões tem um time liderado por jogadores que não fazem viadagem. Pode notar. Quando os lideres fecham com o treinador, seja ele um imbecil ou um genio, o time anda bem.
É preciso talento, sempre. Mas não é um time cheio de craques que costuma marcar a história. É um time bom, com talento e um ou dois caras diferentes.
Desde então criou-se no Morumbi a lenda mais imbecil que já vi: “Pra jogar Libertadores precisa de jogadores altos e fortes”. Isso é repetido nos corredores lá todo dia, como se fosse uma verdade.
Gigantes Josué, Mineiro. Luizão, Amoroso, Junior, Cicinho… opa! Cadê o time de gigantes?
O ultimo que vi tinha F. Santos, Adriano, Aloisio, e perdeu pra Thiago Neves, Conca e Dodo.
Times de futebol tem que jogar futebol. Se são baixos ou altos, pouco importa. O equilibrio é fundamental, não a regra básica do padrão de jogador “Libertadores”.
Em 2010, o que pode animar o Sãopaulino é parte disso.
Um goleiro capitão motivado, uma defesa solida, o mesmo lateral de 2005, volantes que se dedicam muito, um atacante que não afina e que tem alguma técnica apurada. O treinador? Calmo, sereno, sem grandes elogios a receber. Mas ta lá, levando o time, que quando fechado com o cara, anda.
Falta o futebol de 2005, sem dúvida. Mas é quase uma questão filosofica ja. Troca o treinador, troca o time, o SPFC parece ter adotado em definitivo o futebol de resultados. Raramente encaixa um jogo bom de se ver, e quando encaixa, rapidamente volta a sua forma pouco agradavel de se assistir.
Mas vence, e pra muitos, basta.
No futebol atual, vide Mourinho, é preciso se defender bem e ter qualidade ofensiva para “achar” gols. O SPFC tem. Sabe que tem, e segue nessa linha.
O titulo da Libertadores, tão sonhado todo ano pelos tricolores, depende de 4 jogos. Possíveis, bem possíveis.
Me surpreenderia? Acho que pelo futebol apresentado em todo semestre surpreenderia até mesmo o Juvenal. Mas, como nos anos anteriores, é este o perfil adotado pelo clube. A coisa do “Jason”, do “morto-vivo”, etc.
Esta é a pior das Libertadores recentes. Não tem argentinos fortes, não tem ninguém no Uruguai forte, todos os paises da América do Sul estão em crise no futebol e 2 brasileiros já cairam encontrando outros brasileiros.
Restaram 2 times realmente fortes. São Paulo e Inter.
Chivas e Universidad são times montados, mas não tem, em tese, time para disputar com os brasileiros. Podem vencer, porque Libertadores e mata-mata tem disso. Mas não são do nível dos brasileiros, em tese.
Dá pra sonhar, sim, sãopaulinada. O caneco pode ser desenhado na base do inexplicável, do pouco provável, enfim, do futebol.
Imprevisivel como deve ser, cheio de histórias pra contar, interpretativo como sempre foi e surpreendente até mesmo aos vencedores.
Previsão? Não existe. Em 2 meses muda tudo. O Inter pode crescer, o SPFC despencar, ou vice-versa.
Por hora, apenas a melhor parte do futebol: A expectativa por um grande jogo.
abs,
RicaPerrone