Por Deus! Como é embaraçoso escrever este post após a final do carioca 2014. Tudo que prego é que num momento de alegria se fomente a paixão e ignore a derrota para, amanhã mais calmo, tocar na ferida sem que machuque tanto.
Faria, hoje, um texto exaltando o Flamengo e seu incrível poder de reagir e frustrar quando ninguém espera. Mas já fiz uns 20 desses, seria “mais um”. Seria também injusto com o vascaíno que não se conforma escrever linhas ignorando o fato de ter sido irregular o gol que mudou a história.
E que história.
De um Vasco melhor em dois jogos, a 2 minutos de colocar o rival em crise “sem nada” e sair de um buraco fundo mesmo que por algumas semanas apenas.
O campeonato carioca não valeu nada durante meses. Até os 30 minutos do segundo tempo deste jogo, não valia nada.
Douglas fez o gol num raro pênalti incontestável para um Flamengo x Vasco. Não há pênalti incontestável em Flamengo x Vasco. Mas até isso teve hoje.
E então, aos 30 do segundo tempo, o vascaíno passou a entender aquele título como a coisa mais importante da década. E o rubro-negro, vendo sua piadinha do “vice” acabar e crise se instalar na Gávea novamente, passou a comer unhas como quem sai de uma Libertadores.
44, acabou!
Zagueiro no chão, escanteio. Não pode ser cera. Se for, demita-o! Bola na área, lance complicado, bate na trave, volta, dois empurram, gol do Flamengo.
O bandeira diz que não viu nada. O arbitro nem poderia. Está feito.
O Flamengo é mais uma vez o clube do imponderável, do inacreditável, da vocação cinematográfica incomum para grandes jogos. E o Vasco, “vice”, olha e nem nota que havia impedimento.
Pela tv, segundos depois, são informados que o gol que lhes tirou o até então merecidíssimo título carioca não era legal. Enquanto começavam a se lamentar, o Rio de Janeiro era tomado por gritos e camisas rubro-negras que até ontem não se importavam com o estadual.
Hoje se importam. Óbvio, por um momento assistindo ao jogo até eu achei que valia.
Vascaínos não podem ignorar o erro que, hoje, lhes determinou um resultado negativo sem chances para recuperação. Nem podem os rubro-negros fingirem não achar graça da desgraça alheia.
Se fosse rubro-negro, agradeceria a todos os santos e orixás pelo imponderável que o acompanha.
Se fosse vascaíno, com absoluta certeza não acreditaria em qualquer força oculta vinda de nenhum ser inexplicável para “nos ajudar” quando muito precisamos.
Todo vascaíno tem o direito de ser ateu. É compreensível, quase lógico.
Eu seria.
abs,
RicaPerrone