Roteiro fácil
Surgem, agora com força, as organizadas gays.
Não é uma novidade exatamente. Mas as conseqüências podem ser bem mais graves do que as tentativas anteriores.
Jurei pra mim mesmo que não falaria sobre gays nunca mais após ter sido vítima de uma distorção escrota do que disse num jogo de volei. Mas acho que estamos diante de um roteiro fácil de tragédia e adorando a idéia de noticiarmos o massacre ao invés de evitá-lo.
Saiba, antes de qualquer coisa, que uma nova torcida organizada é quase sempre ameaçada e coibida pelas antigas. Isso em qualquer clube, qualquer estádio, e não diz respeito a orientação sexual de ninguém.
Mas é óbvio, pelo mundo que vivemos, que na primeira briga que acontecer entre uma organizada gay e uma comum, dirão que é homofobia. Pronto, estaremos diante do circo armado para algum deputado se eleger, meia duzia de ativistas ganharem espaço e a mídia derramar hipocrisia a litros para o deleite de quem se satisfaz com ela.
A grande questão é o quanto é preconceituosa a idéia da torcida organizada gay. Porém, por não ser de grande interesse fazer parte, ninguém está reclamando. Mas afinal, se a idéia é que tenhamos um comportamento independente de orientação sexual, porque uma torcida de futebol gay?
É por igualdade ou pela excessão a causa, afinal?
Que diferença tem um torcedor do clube X hetero ou homossexual?
– Ah, mas o futebol é homofobico! Se entrarmos numa torcida comum vamos sofrer preconceito.
Mas é preciso ir de rosa no meio da torcida pra causar choque? Qual a necessidade de expor a orientação sexual pra torcer por um clube?
Eu me pergunto, honestamente, qual a intenção?
Porque nunca ninguém atrelou a diferença conceitual das torcidas, que se rivalizam entre elas por exemplo, como um caso de preconceito entre quem quer vaiar ou quem quer apoiar.
Jamais se entendeu qualquer problema entre torcidas como uma questão de relevância cultural e social. Até o dia que a primeira bandeira rosa entrar no estádio.
E vai entrar. Porque é de interesse de alguém causar este conflito “separatista em nome da igualdade”.
Não há torcida só de negros. Não há torcida só de ricos. Não há torcida só de pobres.
Se você for de vermelho na torcida do Palmeiras, vão implicar com você. De rosa, também. A diferença brutal é que no primeiro caso ninguém vai dar uma notícia sobre isso segunda-feira.
Portanto, a grande questão dessa pré-polêmica anunciada é se estamos diante da tentativa de inclusão ou de mais um racha para fazer barulho e beneficiar alguém.
Porque será sim a primeira torcida de um clube que não poderá ser contestada, rivalizada, ofendida ou odiada. E então, se caracteriza um preconceito as avessas.
É o que queremos?
Vamos mesmo assistir o teatro ser armado para depois discuti-lo? Será que não podemos evitar alguns feridos em nome de uma boa discussão não orquestrada de véspera?
E os gays? Querem ter um pedaço só pra eles na praia e na arquibancada ou querem igualdade?
Eu não vejo como uma conquista ter um espaço só pra pessoas como você. Isso, pra mim, é o maior preconceito que existe. Mas, para alguns, é uma “conquista” de igualdade.
Vai entender…
Os ingressos para os jogos seguem a venda. E sem nenhuma restrição sobre a sua orientação sexual.
abs,
RicaPerrone