Carnaval

Santo de casa

Lendas urbanas são especialidade do carioca. Todo carioca tem uma história de “terror” pra contar que impressiona quem é de fora. Faz deles mais “sobreviventes”, adaptados ao perigo.

Uma das que mais ouvimos é do acordo entre bicheiros na década de 80, comandado pelo Castor, eterno patrono da minha Mocidade, que algumas escolas não poderiam ser rebaixadas nunca. Especialmente com seus patronos vivos.

Era uma lenda. Ontem passou a ter segunda temporada.

Porque? Em 18 e 17 havia um argumento, goste ou não. Mas em 2019 não há. É meramente a virada de mesa pela camisa e ponto final. De forma nua e crua, sem contestação.

Vai ficar porque vai. Porque? Porque é a Imperatriz.

Luizinho está vivo. Faz todo sentido. Não se faz justo, até pela queda do Império. Mas faz sentido dentro da lenda urbana tão replicada pelo mundo do samba em seus bastidores.

Gosto? Não. Entendo? Sim. De alguma forma, sim.  A Liga é das escolas, e elas decidem o que querem pra sua Liga. Se acham uma escola indispensável, seja por política, acordo ou pelo show, podem fazer com que as regras mudem.

Podem? Podem. As regras são delas.

Lamento? Muito. O carnaval do Rio tem se tornado um pano de fundo pra show do Luan Santana, mega camarotes de promoters celebridades, uma playboyzada que nem sabe o que está fazendo lá e um viés político idiota que nada acrescenta.  Com as viradas de mesa torna-se ainda menor a credibilidade.

Mas cá entre nós, qual a credibilidade do carnaval carioca? Em que momento de sua história ele precisou ou fez uso disso pra ser o maior espetáculo da terra?

Compramos esse evento sabendo quem estava por trás a vida toda. É um óbvio sistema onde o contraventor usa a paixão da comunidade para conquista-la, a TV compra, se torna parceira comercial, alivia pra contravenção e todo mundo sai feliz.

Quem não sabe disso?

Não gosto. Mas daí a me espantar com a decisão vai uma distância…

RicaPerrone

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