Seja gostosa
Bunda durinha, coxa de quero-quero, barriga negativa, zero carbo, saúde perfeita e o instagram bombando. Parece que encontramos a tal receita da felicidade tão buscada há séculos, não?
Não.
Encontramos a receita de como parecer felizes. Ninguém é feliz sendo refém do corpo, do estética, do que vão falar da sua bunda. Não é possível que em 2017 a celulite seja mais prejudicial a uma mulher do que o seu caráter. E também não posso acreditar que realmente existam pessoas dispostas a malhar de segunda a sábado para não poder comer uma pizza no domingo.
Meu bem, tu não tá gostosa. Tá chata.
Gostosa é a mulher que sorri, toma cerveja se quiser, malha pra ficar legal e pra poder comer pizza na sexta. Gostosas tem celulite. Gostosas tem pequenas imperfeições e ficam muito mais felizes com o nosso desejo ao vivo do que likes na internet.
Mulheres gostosas sorriem quando você leva um doce pra elas que elas “não podem comer”, e comem. As mais deliciosas mulheres do mundo acham que “estão enormes”.
Gostamos de vocês de biquini na praia fazendo pose de ladinho. Mas adoramos vocês de cabelo molhado, só de camiseta, sem nenhuma maquiagem ou pose saindo do banho.
Não, nós não temos a capacidade de ver estrias. É uma linha na pele que só vocês, mulheres, conseguem enxergar. Aliás, toda mulher que não tem nenhum defeito no corpo causa estranheza. Que diabos tu faz da vida pra ser tão perfeita? Que horas você trabalha?
Gostamos de marquinha de biquini. Muito. Mas não deixe-as muito pequenas, porque nos tira o delicioso fator da descoberta.
Parem de achar que é “machismo” dizermos como gostamos de vocês. É um pedido informal para que nos ouçam, tal qual as centenas de brincadeiras que ouvimos sobre a cerveja, a barriga, as datas, etc. No fundo, sabemos, é um “toque”.
Me conte o que você fez hoje, quem você conheceu, o que você descobriu. Não exatamente o que comeu, quanto correu e quanto mediu.
Eu não ligo pro seu percentual de gordura. Ficaria feliz se existisse um medidor semelhante para “conteúdo”, “leveza”, “bom humor”.
Muitos de nós, homens, também já estão nessa de viver em função da aparência sob o argumento da saúde. Saúde é uma coisa, buscar a perfeição para cliques é outra. Nunca um prato de arroz, feijão e bife matará alguém. As pessoas mais felizes que conheço esperam a sobremesa com a mesma ansiedade que você espera seu endocrinologista.
O que nos mantém saudáveis é a felicidade, não os gominhos na barriga.
Ser igual a todo mundo não é sinal de personalidade, auto estima ou saúde. Ninguém tem muito apreço por um biscoito num pacote com 20 iguais a ele. Mas por uma boa fatia de torta de chocolate… quem sabe?
Tá chato. Exagerado. Não tira foto não, meu bem! Segura minha mão. Assiste o filme comigo, come pipoca, suja essa mão e dá risada. Pede sobremesa. Ri alto. Bebe um pouquinho comigo. Ganha 1 kilo no fim de semana, você terá 5 dias pra perde-lo.
Não fale em dieta no jantar. Não me culpe por te desejar assim, “tão gorda”. Manda nudes, não seu cardápio da dieta. Não faz textão.
Pô, mozão… confia em mim. A gente não liga tanto assim.
abs,
RicaPerrone