Nunca aconteceu de ficarmos sem futebol. Não se engane. O período de férias convencional sempre foi o da janela de transferências, que normalmente movimenta o futebol tanto quanto os jogos em si.
Pela primeira vez na história, ou desde que nasci, o futebol de fato parou.
Ninguém treina, ninguém se reune. Ninguém discute. Não tem gol. Ninguém vende, ninguém compra.
Talvez seja o exato momento onde conseguimos dimensionar o tamanho disso em nossas vidas. Seu domingo lhe parece domingo? O meu não.
Sua quarta-feira a noite faz algum sentido?
Quando e se você se encontrar com os amigos, não lhes falta a primeira frase que era invariavelmente sobre futebol?
Cadê a ansiedade da manhã do dia do jogo? Aquele jornalista que eu odeio dizendo o que eu não acho sobre o pênalti que não foi?
Estamos diante de um momento onde colorados e gremistas se olham com compreensão. Onde flamenguistas e vascaínos querem a mesma coisa. Momento em que nós, que vivemos futebol, tentamos compreender o mundo lá fora.
Então é assim que vocês vivem sem ele?
Surpreendente. Que merda de vida.
Seguimos te esperando. Tudo é muito difícil. A saudades dos pais, o medo da doença, a falta de dinheiro, a crise mundial. Mas encarar qualquer dificuldade sem você é a primeira vez.
E que não se repita. Porque você é de fato a coisa mais importante entre as que menos importam nas nossas vidas.
RicaPerrone