Só morre quem está vivo
“Caiu no Horto, tá morto”. E assim o Galo transformou aquele estádio acanhado num templo de glórias e sacrifícios. Estar ali era estar sentenciado a morte, quase que de forma irremediável diante do julgamento daqueles fiéis que tanto acreditam.
Ali morreram dezenas. Morrerão outros tantos ao longo dos tempos, mas hoje o Atlético teve que lidar com a inédita situação de tentar matar quem não estava vivo.
O São Paulo, senhores, morreu na primeira fase. Lembra? O que vem desde então é um espírito, não um time de futebol apenas. É a tal magia que há entre São Paulo e Libertadores. Uma relação um tanto quanto doentia, ciumenta, mas longe de ser torturante como a do Galo, recém paixão da tal da taça.
O Galo ama a Libertadores. Mas a Libertadores ama o São Paulo.
Mata-se de tudo de terrível Horto, menos espíritos. E o que há nesta camisa branca quando em campo pela Libertadores é exatamente isso: espíritos.
O São Paulo fez dois jogos comuns, pouco inspirados, tal qual o Galo. Com a brutal diferença de que um estava ali pra matar ou morrer. O outro, meramente pra cumprir vocação.
Passa o São Paulo. Porque quando a Libertadores acaba no Morumbi, na verdade ela só não saiu do lugar.
abs,
RicaPerrone