Muricy foi ao baile de carrão. Lá chegando, sabendo que sua ex estava solteira até então, não imaginou qualquer possibilidade de constrangimento, afinal, estava por cima.
Bem casado, de carro novo, Muricy manteve sua pose e não quis beber nem dançar, pois pra ele a vida é pragmática, o que acabou desgastando seu relacionamento com a tal ex, que era feinha, porém, bem casada.
Ao entrar no baile ela chama atenção. Ainda solteira, porém, belíssima, magrinha e sorridente.
Muricy não dá trela, se faz de difícil e nem olha pro lado. Mas todos olham e notam que, as vezes, antes só do que mal acompanhada. Bela, ousada, sorridente e feliz, sem mais ter que adaptar suas características ao ex turrão, chama atenção.
Corre o risco de entrar e sair sozinha do baile, mas vai.
Muricy segue de mãos dadas com sua atual, também muito bonita, mas a impede de dançar, diz que não quer vinho e sugere uma água, já que beber não é legal.
Sua ex se esbalda na pista gargalhando com amigos e bebendo todas, com juizo, é claro.
E no fim do baile, incomodada em saber que poderia ser ela o destaque da festa, a atual de Muricy discute e fica brava. Brigados, vão embora.
No carro ela discute a relação e pede que ele viva mais, a deixe mais solta, seja mais feliz e menos pragmático, metódico, medroso.
Palavras que irritam o todo poderoso professor. Mas ele engole, sabendo que, como sempre, está com o melhor que pode na desesperada tentativa de “ter alguém”.
Sua ex fica, não pega ninguém, mas sorri, dança, pula e dá risada alto. E nem liga.
Porque ela sempre foi assim, menos quando “adestrada” pelo seu insuportável ex.
E deliciosa, decotada, dona da festa, vai embora de carro popular.
Mas é dela. E ao final do baile todos comenta: “Como ela está diferente! Solteira, é verdade. Mas tão mais feliz…”.
abs,
RicaPerrone