Fluminense

Tão rindo de que?

Todo mundo sabe no futebol que o torcedor é uma garotinha apaixonada. Você pode sair, chegar bebado, pegar outra e quando voltar com flores ela vai perdoar. Porque ela é burra? Não, porque ela é apaixonada. E gente apaixonada só faz merda.

Por saber ter em casa sempre a garotinha apaixonada dirigente, jogador e outros tantos, muitas vezes, fazem o que querem sabendo que no final um buque resolve.

Ontem o Fluminense ganhou um jogo improvável de um adversário forte em condições incomuns. Ficou na série A e sua torcida comemorou aliviada. Justo. Sofreram. Mas agora é segunda-feira e eu pergunto: tão rindo de que?

No Brasil jogador de futebol não entende uma lógica: você trabalha pro clube. Na cabeça deles ele trabalha conforme o ambiente, o treinador, o dirigente. Ele tem que estar feliz, mimadinho, do jeito que ele quer, pra render o que por obviedade dele se espera.

O time campeão da América se arrasta por um ano, mostra problemas internos, erros de montagem de elenco, mas nada que justifique 12 meses de futebol sofrível.

No final ele escapa. E agora são “heróis”?

Seriam tivessem sido contratados em julho. Mas estavam lá, sabiam que poderiam render muito mais do que isso e entregaram com carinhas de insatisfeitos um futebol de merda por 12 meses pra no final sairem comemorando e, talvez, serem recebidos como heróis.

O futebol é uma benção.

Você não gosta do treinador, não joga. Brigou com o coleguinha, não joga. Tá irritado com o banco, treina menos. E no final, com a garotinha sempre ali te esperando, é fácil se convencer de que você a merece. Afinal de contas, ela sorriu com as flores, né?

Passou da hora de termos uma era de jogadores que entendam que seus salários vem dos clubes. Fases ruins com problemas internos todos passam em qualquer empresa. Mas o brasileiro tem por DNA o conceito de que a empresa é filha da puta, o patrão é malvadão e você o explorado revolucionário. Logo, qualquer rebeldia é justificável.

Burro é o japonês que luta pela empresa entendendo a óbvia relação de empregabilidade baseada no sucesso de quem o paga. Gênio é o jogador que deixa o time cair porque não gosta do treinador.

E ao final de 12 meses de “má fase”, eu pergunto: tão rindo de que?

As férias em família com muito dinheiro no bolso é um motivo. Compreendo. Mas é possível explicar que o time campeão da América se arraste um ano e quase destroi a conquista anterior como se nada fosse e saem aplaudidos por terem “salvado o clube” de onde eles mesmos colocaram?

O futebol virou um grande jogo de FIFA Soccer. Todo mundo acha que tem um treinador com um controle nas mãos e 100% do que acontecer ali é mérito dele ou culpa dele. Isenta-se os verdadeiros responsáveis e todos saem em dezembro rindo como se nada fosse.

“Culpa do dirigente”, “culpa do treinador”, “jogador x que fazia mal pro elenco”. Ora, vão se fuder. Quem te paga é o clube. Jogue por ele, faça o seu melhor por ele e resolva seus problemas entre uma vitória e outra.

Tá na hora de crescer. O Fluminense de 2024 é uma vergonha. E não, nenhum treinador é mais “culpado” do que os jogadores que de um ano pra outro passaram a errar passe de 3 metros.

É bom ser “tricolor” quando campeão e “vítima do treinador” quando rebaixado. Mas a garotinha sempre vai acreditar nessa história, então… foda-se.

RicaPerrone

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