Tem problema, sim!
O Flu segue buscando investidor pra virar SAF. O BTG é o banco que ajuda a colocar os valores e encontrar esse investidor. Mário é o presidente do clube atualmente e, sim, há uma disucussão interna sobre a possiibilidade da pernanencia do dirigente no clube após a venda e, sim, isso é conflitante.
Achei que o Mário nem fosse tocar no assunto pra não se desgastar caso não aconteça. Mas hoje alguém perguntou na coletiva e ele confirmou que existe a chance e se sente apto a ser o CEO do clube pela SAF caso aconteça.
Apto é uma coisa, o ponto não é esse. O ponto é ético. Primeiro que por obviedade um bom investidor com noções básicas do que é o futebol brasileiro vai tentar evitar isso. É o que qualquer um faria. Mas entre o que se deve e o que se faz, no Brasil especialmente, há muito mais coisa. E portanto essa discussão vai existir a cada venda de clube.
O Mario fez muito bem pro Fluminense. O que não significa que não seja conflitante.
Se eu vou vender algo que não é meu para alguém e toco a negociação toda, não me parece muito natural que no outro dia eu seja funcionário do comprador.
Se for um cargo técnico, perfeito. Normal. Mas o cargo não remunerado de prestidente pra gestor do comprador com salário é conflitante. Mesmo que não haja nada de errado, é praticamente como sentar nas duas pontas do negócio e achar um bom acordo sendo que cada lado quer o melhor pra si.
Tem em outros casos? Tem. Eu já acho ruim a Leila ser presidente e patrocinadora. Imagine se ela vende pra Crefisa? É quase a mesma coisa. Ela teria vendido pelo Palmeiras algo pra onde ela vai continuar. Poderia? Poderia. Deveria? Hum…
Tem um fator nessa discussão que é enorme. Chama-se Brasil. Você parte do principio que é preciso vetar qualquer chance de algo errado porque é normal no nosso país que façam errado. A gente nunca parte da presunção de honestidade em nada. E é injusto, mas é aceitável.
Num país de “malandros” e num mercado onde só se sobrevive por ego ou dinheiro, é mais natural ainda que haja receio. Eu não gostaria que o presidente do meu clube fosse trabalhar na empresa que o comprou. Morreria com a dúvida de ter sido o melhor pro clube ou pra empresa.
A parte que mais me chama atenção mas não me assusta porque já fomos amigos próximos é a natureza do Mário em conviver com o “All in”. O que ele tem a ganhar? E quanto a perder?
Ele é o presidente da Libertadores. Tá lá na história e vai andar na rua pra sempre com apertos de mão por onde for. Mas se ele segue e rebaixa o clube, ele pode perder isso. E ganhar além disso não vai pra conta dele. Então… pra que?
Você pode me dizer “quem manda é quem compra”, e é exatamente esse o argumento que tira o sono. Porque quem compra vai querer os vícios do passado num sistema que nunca funcionou?
RicaPerrone