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Todos têm goleiro, menos o SPFC!

Mais de 60 mil pessoas foram ao Morumbi fazer festa. A torcida mais festeira do mundo foi aplaudir o seu grande herói pela marca absolutamente espetacular de 1000 jogos com a camisa do clube.  Se não bastasse o número, ainda tem os títulos, o fato de ser capitão, de fazer gols e de ser, de forma incomum, a cara de um clube.

Até Rogério o SPFC tinha a cara de Raí.  Hoje, tem a cara de Rogério. Se o clube o fez assim ou se ele fez o clube mudar ninguém saberá jamais. Fato é que se misturaram e hoje são uma coisa só.

O São Paulo de Rogério só pensa em ganhar, assim como Rogério do São Paulo.  Ambos torcem quase alucinadamente e acreditam em cada absurdo dito por aí que favoreça ou exalte a suas cores.

Se disserem que há um complô na NASA para prejudicar o São Paulo e só por isso o time não está bem, tenha certeza que o Rogério acreditará nele.

Não por ser maluco ou burro. Mas por ser tão doente e cego quando se trata de SPFC como qualquer torcedor.

Rogério é um torcedor que joga no gol, não um goleiro pago pra atuar embaixo das traves.

Eu o conheci, diversas vezes conversamos sobre os mais variados assuntos e somos capazes de pensar diferente sem o menor problema. Desde que esta “diferença” não seja contra o São Paulo.

Rogério não admite que haja alguma coisa errada no Tricolor, a não ser que ele mesmo tenha notado.

É como uma sogra. Sua mulher pode falar o que quiser dela, mas fala você pra ver o que acontece…

Ele não entende a derrota como mérito do adversário mas sempre como falha do próprio São Paulo.

Não porque é arrogante por natureza, nem considero assim.  Mas porque como todo torcedor apaixonado o Capitão só enxerga até os muros do CT.

Dali pra frente é tudo “África”.

Perder pro Vasco no Maracanã é tropeço.  Porque pra ele, como pra todo sãopaulino, o Tricolor tem que vencer SEMPRE.

E pior: PODE vencer sempre. E quando não dá, foi o juiz, azar ou erros “nossos”.

Nada é melhor, ninguém é melhor. Só há o São Paulo.

E esta linha apaixonada numa relação quase protetora que Ceni tem com seu clube fez com que não conseguisse jamais ultrapassar essa barreira.

Até o Morumbi, um Deus.  Fora dele, jamais conseguiu a simpatia nacional.

Talvez porque nunca fez a menor questão. Talvez porque tenha tentado e não conseguido.

Não sei,  nunca vou saber.

Rogério é do São Paulo como o São Paulo é do Rogério.

Hoje, perante 60 mil fãs, completou o impossível.

Mil vezes vivendo o inferno e o céu. Mil vezes defendendo uma das mais pesadas camisas do planeta.

E mais do que isso: Mil vezes fazendo o que mais gosta, representando quem o ama e argumentando a seu favor com os pés e com as mãos.

Rogério é um sujeito difícil de gostar.

Ele fala o que pensa, tem um ar arrogante, um tom de voz petulante, uma carreira soberana e argumentos pra se defender.

E quando não os tem, adota os mais apaixonados, mas se defende mesmo assim.

Rogério Ceni é a figura do São Paulo Futebol Clube em forma de gente.

Irritantemente vencedor.

E se todos tem goleiro, só o São Paulo que não tem.

Podem chamar de mito, ídolo, lenda, o que for.

Mas “goleiro” é comum demais pra este sujeito.

Parabéns, Capitão!

Você deixou de ser goleiro pra ser a alma de um clube.

Essa nem Pelé conseguiu…

abs,
RicaPerrone 

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