Tudo pode quando é “só futebol”
Veja você, torcedor do futebol não caramelizado e sem flocos crocantes, como ainda é fácil reviver uma legítima tarde de futebol.
Mesmo que longe do meio a meio do Maraca, que é meu cenário ideal para clássicos, os dois times se enfrentaram sob a dignidade mínima exigida do bom futebol que é permitir a entrada das duas torcidas no estádio.
E assim, com o mandante recebendo o visitante com deboche, sem bombas e pontapés, tudo volta a ser como gostávamos. “Ah, mas é homofobia!”. Não fode. Brincadeira é brincadeira e normalmente o errado quando alguém se ofende é o ofendido.
No saudável Vasco x Fluminense raiz, o futebol se fez presente porque é assim que ele gosta de aparecer.
Os dois pênaltis aconteceram. O Fluminense, embora não criasse chances de gol, virou o jogo em 2 lances que nem seriam de tanto perigo, talvez. Mas virou com justiça porque os pênaltis aconteceram.
E o Vasco que “briga pra não cair”, se viu diante do cenário infernal das contestações novamente. Era levar o jogo pra São Januário e perder que tudo viraria problema. Desde o ônibus.
Aliás, agora, com a vitória, lhes pergunto: Que ônibus?
Seria capa se Nenê não tivesse saido do banco pra buscar o que é dele. Jogadores como Nenê não estão bem o tempo todo, mas tem uma qualidade especial não identificada pela ciência que é de seduzir a cena pra si. Nos acréscimos, como quem escreveu o próprio roteiro da volta, Nenê vira o jogo e dá a merecida vitória ao Vasco.
Marcou melhor, anulou os principais jogadores do Fluminense e teve mais intensidade o tempo todo. Foi melhor, e talvez nem mesmo um 3×0 fácil faria desde jogo tão especial ao Vasco quanto o sofrido 3×2 com gol do ídolo no fim.
Teve zoeira, drone, onibus quebrado, chegada de taxi, bom público, jogão, lance polêmico e gol no fim.
Dizem que “é preciso limites para brincar com futebol”. Então me promete que eles não estiveram sob risco hoje, porque o que vi das 10 da manhã até o fim do jogo foi futebol em estado puro em São Januário.
“É preciso cuidado porque esse tipo de brincadeira gera violência”. É só bla bla bla protocolar de uma geração que acha que time vencedor é o que tem banheiros de mármore, contas em dia e não bola na rede.
Hoje, ao Vasco, tudo. Amanhã a gente discute o que tá ruim. Porque hoje vascaíno que achar defeito é burro.
Abs,
RicaPerrone